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Roteirista de "As Pontes de Madison" diz que "Dezesseis Luas" traz afirmação da juventude

Cena do filme "Dezesseis Luas", de Richard LaGravenese - Divulgação / Paris Filmes
Cena do filme "Dezesseis Luas", de Richard LaGravenese Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Ian Spelling*

Do Hollywood Watch

27/02/2013 05h00

Por quê? Essa é uma pergunta que deixa Richard LaGravenese empolgado e o faz falar sem parar.

Antes de mais nada, é preciso dizer que ele é um roteirista famoso por sua habilidade em adaptar romances para a telona, além de já ter dirigido alguns filmes também. Entre seus trabalhos estão "O Pescador de Ilusões" (1991), "As Pontes de Madison" (1995), "O Encantador de Cavalos" (1998) e "Água para Elefantes" (2011). Também adaptou e dirigiu "O Jogo da Sedução" (1998), "Escritores da Liberdade" (2007) e "P.S. Eu te Amo" (2007).

Agora acaba de adaptar e dirigir "Dezesseis Luas", romance sobrenatural baseado no livro de mesmo nome, escrito por Kami Garcia e Margaret Stohl, que estreia no Brasil nesta sexta (1º). E é aí que entra a pergunta: por que justamente uma história que parece tão estranha?

"Eu estava à procura de mitologia", explica LaGravenese, por telefone, da Flórida. "É um tema de que gosto muito. Já tinha lido sobre isso antes de virar livro. Adoro essa ideia de 'afirmação' da juventude, de ter 16 anos, sem saber quem você é, com medo do que se passa no seu interior e, de repente, ter que ser identificado como uma coisa ou outra. No caso do livro, é bom ou ruim, Luz ou Escuridão."

"Outra coisa que me encanta é o fato de que se você tirar o elemento sobrenatural, a história continua funcionando perfeitamente em vários níveis", ele prossegue, "e um deles é o conceito de afirmação, a iniciação por que se deve passar para estipular quem você é, isolado de sua herança, daquilo que seus pais representam, das expectativas que depositaram sobre você. É também o caso de perguntar: 'Até que ponto posso afirmar o que sou e o que herdei?'".

"A história de amor também é muito bonita porque tem uns detalhes interessantes", LaGravenese acrescenta. "Na verdade, há um paralelo com 'Romeu e Julieta', que começa com Romeu atraído por Rosaline e só depois ele se apaixona por Julieta; no início de 'Dezesseis Luas', Ethan (Alden Ehrenreich) é o garoto apaixonado por um mundo maior que o seu próprio e aí se sente atraído por Lena (Alice Englert)."

Desejo de fuga
Para resumir o resto da resposta entusiasmada de LaGravenese, ele se identifica com Ethan, que lê livros proibidos e sonha em fugir de Gatlin, na Carolina do Sul, a cidadezinha conservadora e limitante em que mora. LaGravenese revela que quando era jovem, a única coisa que queria era sair do Brooklyn, em Nova York.

"Se eu não me sentisse como um peixe fora d'água no Brooklyn, nunca teria cruzado a ponte e ido para Nova York, que era o meu sonho", resume. "É por isso que adoro a história."

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"Senti uma identificação muito grande com Ethan e o mundo gótico do sul, que para mim era novo e se mostrou fascinante", LaGravenese continua. "Antes de começar a escrever, fui à Carolina do Sul. Parecia outro mundo ? com as mariposas, a comida, os cheiros, o clima."

LaGravenese enxugou as mais de 600 páginas do romance num roteiro coerente sobre Ethan, um garoto comum, e a misteriosa Lena, uma recém-chegada que ele viu em seu sonho. Várias partes da história tiveram que ser omitidas, embora LaGravenese procurasse capturar o espírito do livro e manter tudo que se relacionasse com os personagens principais e seu relacionamento, incluindo o elemento sobrenatural, contanto que se mostrasse "natural para Ethan e Lena", explica. Ele também enfatizou o conflito e a emoção entre os dois e os outros personagens centrais.

Alice e Alden são relativamente novos, mas segundo LaGravenese, que os elogiou por darem vida ao seu texto, "verdadeiros e sinceros". Ele os cercou com um elenco de apoio de primeira, que inclui Viola Davis, Jeremy Irons, Emmy Rossum e Emma Thompson. Irons é Macon Ravenwood, um íncubo que protege Lena. Rossum é a prima de Lena, Ridley Duchannes, uma conjuradora sexy e rebelde que assumiu seu lado mau em sua 16ª lua.

Efeitos
Roteiro na mão, elenco reunido, LaGravenese partiu para a filmagem -- e embora já tivesse dirigido antes, nunca teve que lidar com os efeitos especiais tão complexos e num volume tão grande como nesse projeto.

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"A tecnologia é sensacional, mas não é moleza, não", ele admite. "Gostei do fato de que ela elimina os limites da imaginação e da criatividade. Se trabalhar com gente boa, tão empolgada e envolvida como você, dá tudo certo."

"Essa empresa, a Method Studios, foi ótima, se envolveu para valer", LaGravenese continua. "Aliás, o pessoal foi além do que era necessário e trocamos muita figurinha – o pessoal sabia muito mais que eu, o que achei ótimo, sobre as possibilidades dos efeitos especiais. Eu expunha minhas ideias, coisas que imaginava e eles diziam: 'Dá para fazer isso, isso e isso'. Foi fantástico."

"O mais complicado foram os prazos e horários", conta ele. "Um dos nossos fornecedores trabalhava de um jeito estranho e perdemos muito tempo com falta de comunicação, de explicação e tendo que aceitar um resultado pouco eficiente. A gente tinha uma data de lançamento marcada, não podia perder tempo. Foi muito frustrante porque desperdiçamos um tempo imenso e esse é um elemento, mais que qualquer outro, que influencia os efeitos especiais."

LaGravenese diz que é muito cedo para decidir seu envolvimento em qualquer sequência, se houver. No momento, ainda está comemorando o fato de colocar "Dezesseis Luas" no mundo para que todos vejam.

"Conquistei meu objetivo", LaGravenese conclui, "que era tentar melhorar o gênero com atores bons, inteligência, bom humor, uma fotografia linda e uma história excelente".

"Estou muito orgulhoso."

* Ian Spelling é jornalista freelancer em Nova York.