Topo

Brasileira quer ganhar Hollywood com longa amador inspirado em "Atividade Paranormal"

Elenco e produção de "Don"t Look", Lindsay DiFulvio, Javier E. Gomez, Luciana Faulhaber e Adam Lim - Leslie Hassler/Divulgação
Elenco e produção de "Don't Look", Lindsay DiFulvio, Javier E. Gomez, Luciana Faulhaber e Adam Lim Imagem: Leslie Hassler/Divulgação

Estefani Medeiros

Do UOL, em São Paulo

15/03/2013 05h00

Seguindo os passos do americano “Inocente”, documentário indie que venceu um Oscar em 2013, a brasileira Luciana Faulhaber tenta conquistar Hollywood com um filme produzido entre amigos e financiado por um fundo colaborativo. 

Faulhaber, que estuda atuação e mora em Nova York há oito anos, teve a ideia de criar o longa para conseguir experiência e mostrar o seu trabalho para produtores, já que precisa conseguir contatos para começar na área, umas das mais disputadas entre os jovens americanos.

Assista ao trailer de "Don't Look"

“No começo é muito difícil, você até consegue algumas participações, mas não tem muitas falas. A gente queria fazer curtas para ganhar experiência e conseguir mostrar o trabalho. Daí surgiu a ideia do ‘Don’t Look’ e colocamos no Kickstarter para financiar o projeto”, explica a carioca.

Para começar a filmar “Don’t Look” e pagar os profissionais, a locação, a edição das filmagens e conseguir se sustentar, a equipe orçou o projeto em US$ 50 mil, valor que cobriria toda a ideia. Mas até lá, o grupo tira o dinheiro do próprio bolso para conseguir divulgar o longa de terror inspirado em filmes como “Atividade Paranormal”.

Para ela, a ideia do filme parecer amador é inspiradora. “O ‘Atividade Paranormal’ abriu as portas do cinema independente, e a gente também quer colocar a audiência perto da realidade”. “O filme tem a estrutura bem hollywoodiana, quatro amigos que vão passar o dia de Ação de Graças em uma fazenda na Pensilvânia e você tem que ir descobrindo a história de terror por trás”, comenta. 

Além de fazer o público se sentir dentro das cenas, a ideia de Luciana é colocar o público também dentro da produção, oferecendo desde pacotes especiais e presença na pré-estreia até o nome nos créditos finais. Para ela, essa descentralização dos estúdios e maior foco em trabalhos que o público pode participar é um modelo recorrente. "É evidente que isso está acontecendo, é como Ben Affleck, ele começou assim, fazendo filmes independentes, pegando vários papéis. A gente está em uma época de construir a própria carreira".  

Gravações em fazenda da Pensilvânia assustou moradores

Luciana contou que a fazenda na Pensilvânia onde eles gravaram as cenas com câmeras portáteis e celulares também rendeu seus momentos assustadores. “A gente gravou algumas cenas em uma floresta a noite e como a cidade é muito pequena, os moradores se assustaram e vieram nos perguntar se estava tudo bem”.

O trailer, gravado em apenas um dia, teve vários momentos de improviso, como dois câmeras no porta-malas de um carro andando para dar a sensação de movimento a cena.  

Não tem nada mais inspirador pra um filme de terror do que ler jornal

Luciana Faulhaber

Outro momento que deu medo foi dentro de um chalezinho, onde ela disse que se assustou com passos e janelas batendo. “A coisa mais maluca é que você ao mesmo tempo que grava a cena, se assusta na vida real." 

A atriz comenta que o tema envolvendo terror deixou a família apreensiva. “Minha irmã é evangélica e ficou super assustada, falando que ia atrair coisa ruim, que era coisa do demônio. Mas aí expliquei pra ela que não é só o terror, são as decisões humanas em jogo”, explicou. “Não tem nada mais assustador do que ler jornal, não tem nada mais inspirador pra um filme de terror do que ler jornal, essa questão da violência está no nosso dia-a-dia”.

Sobre a possibilidade do projeto não ser financiado, a atriz está esperançosa. “Nós estamos nos animando, quando um fica pra baixo, outro vai e anima. Também temos uma história pra contar.”