Produção de "Anna Karenina" reproduziu cenários luxuosos em estúdio inglês

Estamos nos estúdios Shepperton (mesmo de "Guerra nas Estrelas"), localizado a cerca de duas horas de Londres. Entre os cenários sombrios do que seria a Rússia do século 19, Sarah Greenwood e Katie Spencer, responsáveis pelo design e decoração dos cenários, nos apresentam os sets da nova adaptação do clássico "Anna Karenina", de Leon Tolstói. Com 83 cenas de diálogos e cem diferentes cenários, esta é uma grande produção de US$ 46,5 milhões.

Caminhamos pelos corredores do que seria o palacete do casal Anna (Keira Knightley) e Karenin (Jude Law). Os corredores são de tons escuros, com aparência envelhecida. Há uma riqueza nos detalhes dos objetos e tecidos de época -- cortinas, sofás e a própria cama do casal. A impressão é de que estamos caminhando em um museu.

Na mais nova adaptação do clássico para o cinema, o diretor Joe Wright (de "Desejo e Reparação") optou por filmar a maior parte do filme dentro de um grande teatro, que foi montado no estúdio. “Gostaríamos de filmar na Rússia, mas não tínhamos orçamento. Então, construímos estes cenários em 12 semanas. A nossa inspiração veio de várias visitas em casas e palácios na Rússia. Em particular, do palácio de verão de Catarina a Grande”, disse Sarah Greenwood, que é colaboradora de longa data de Joe Wright.

Greenwood e Katie Spencer foram indicadas ao Oscar anteriormente, por seus trabalhos em "Orgulho e Preconceito", "Desejo e Reparação" e "Sherlock Holmes". E mais uma vez por "Anna Karenina". 

No próximo e enorme estúdio, nos deparamos com o teatro de aparência antiga, onde maioria das cenas foram rodadas. Os detalhes são impressionantes. Por um minuto esquecemos que estamos dentro de um estúdio de cinema, tamanha a precisão com que foi construído. Acompanhamos uma cena em que Anna assiste da plateia a uma apresentação. Não há apresentação alguma na realidade, a não ser a presença de inúmeros figurantes -- muitos deles russos conversando em sua língua. Joe acompanha tudo através de um monitor ao fundo. 

Greenwood nos explica que as inspirações para construir o grande teatro no estúdio não vieram somente de Kirov e do Mariinsky em são Petersburgo, mas também do Palácio Alexandra, ao norte de Londres. Apesar de o filme ser uma livre adaptação, ela quis manter o visual do século 19 em todos os cenários. O quarto de Karenin, construído em um estúdio à parte, é amplo, com chãos de mármore e teto alto. Foi montado de acordo com a personalidade de Karenin -- um homem frio e sem emoções aparentes. “A Ideia por trás da casa de Karinin era mostrar o contraste com a casa onde vive o irmão de Anna. Tudo é muito austero e masculino”, explica ela.

Vestindo Anna
Jaqueline Durran, que acabou levando o único Oscar de "Anna Karenina", por seu trabalho como figurinista, aguardava-nos em uma sala rodeada por materiais -- entre lindos vestidos pendurados e livros repletos de imagens e rabiscos de desenhos. Ela nos explica que a inspiração não veio somente daquele período da historia russa imperial, mas também “de referências de 1870, livros de moda e tecidos de 1950, além de fotografias do século 19”, explica. “Foi uma combinação de tudo”, garantiu, acrescentando que fez questão de não assistir às varias versões anteriores para não ser influenciada.

“Desde o início da produção, Joe [Wright] avisou que não queria que nos prendêssemos em um período particular”, explica ela. Foram 16 vestidos criados para Keira Knightley e cada um levou mais de 40 horas de trabalho. “Keira entende a importância do figurino como parte da personagem. Ela é muito interessada, dá palpites, recusa figurinos e até nos oferece seus próprios desenhos com boas ideias”, disse Durran, elogiando a atriz.

Até 4 de abril, uma exposição na Ham House and Gardens, em Londres, onde foram filmadas cenas de "Anna Karenina", exibe seis peças de figurino do filme, entre vestidos e ternos de Vronsky, e alguns dos chapéus vestidos pelos atores.