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Estrela de "G. I. Joe 2", Bruce Willis diz que "ainda poderia matar inimigos"

Bruce Willis em cena do filme "G.I. Joe: Retaliação" - Divulgação / Paramount
Bruce Willis em cena do filme "G.I. Joe: Retaliação" Imagem: Divulgação / Paramount

Eduardo Graça

Do UOL, em Nova Orléans (EUA)

28/03/2013 05h00

A equipe de divulgação avisa: ele é difícil. Não há garantia alguma de que irá falar com os jornalistas. Se conversar com vocês, serão alguns poucos minutos e fiquem mais do que satisfeitos. Mas estamos na casa dele. O cenário, uma típica construção da Louisiana com um belo quintal em um subúrbio de Nova Orleans, é, afinal, a residência do general Joe Colton, encarnado em “G.I. Joe: Retaliação”, que estreia nesta sexta-feira (29) nos cinemas brasileiros, por um dos maiores símbolos de Hollywood. No elenco do filme de ação estão ainda Channing Tatum e Dwayne “The Rock” Johnson, mas as atenções, da equipe de filmagem, do elenco e dos jornalistas estão todas voltadas para Willis. Bruce Willis.

Falar sobre o filme, olha, eu prefiro que me joguem ao fogo. Se não tivesse, por contrato, que sentar e falar, diria: aqui está o filme, espero que gostem, um grande abraço para todos.

Bruce Willis, sobre ter que dar entrevistas sobre seus filmes

Aos 58 anos, careca, em forma, o protagonista de “O Sexto Sentido”, “Duro de Matar” e “O Quinto Elemento”, entre tantos outros arrasa-quarteirões, parece observar pelo canto do olho a movimentação de jornalistas dos quatro cantos do planeta, zanzando por sua casa de ficção, entrevistando seus colegas de elenco. Ele vai se chegando aos poucos e interrompe, ou melhor, adere, sem meias palavras, à conversa que o grupo iniciava com o diretor e coreógrafo Jon M. Chu (responsável por vídeos de gente como Justin Bieber e pela franquia “Ela Dança, Eu Danço”) e o produtor Lorenzo di Boaventura (“Transformers”).

Chu foi recrutado por Boaventura para dar vida à planejada sequência de “G.I. Joe - A Origem de Cobra”, um sucesso de bilheteria há quase quatro anos (fez mais de 300 milhões de dólares em cinemas mundo afora), mas ao mesmo tempo um dos filmes mais achincalhados pela crítica especializada, especialmente ferina com as atuações de gente graúda como Dennis Quaid e Sienna Miller e a direção equivocada de Stephen “A Múmia” Sommers.

Sem Miller, Quaid e Sommers, na repaginada história dos brinquedos da Hasbro, os soldados-heróis agora não estão às turras apenas com os malvados da organização Cobra, mas também com as entranhas da burocracia americana. O enredo, no entanto, fica em segundo plano quando Willis decide desmentir os temores dos assessores e conversar com os jornalistas-visitantes por meia-hora, enquanto esperava ser convocado para mais uma cena.

O melhor do bate-papo segue abaixo:

G.I.Joe
"Sou fã dos brinquedos. Nunca tive os soldadinhos, mas uma versão mais tamanho-família. Ainda estou tentando descobrir quem é este General Colton. Uma das coisas de que mais gosto em ser ator é que posso ser sincero e dizer isso para você: aqui, neste cenário, estou descobrindo o personagem. É sim um processo, e, para mim, tem de ser divertido. É um filme ambicioso que tenta combinar ação com algum humor, eu gosto disso. Esta é a parte que eu mais gosto, ser criativo. Agora, vender o roteiro, ter a aprovação do estúdio, é chatíssimo, demorado. E falar sobre o filme, olha, eu prefiro que me joguem ao fogo. Se não tivesse, por contrato, que sentar e falar, diria: aqui está o filme, espero que gostem, um grande abraço para todos" [diz, rindo, antes de falar bastante sobre seu personagem].

Gosto de fazer papéis em que eu possa liderar, comandar. Sempre fui um líder, gosto de ser 'o' responsável, sempre.

Bruce Willis, sobre seu poder de liderança

General Joe Colton
"Sou fã das forças armadas, da instituição mesmo, e isso ajuda. Para mim é uma honra viver um general. Cheguei a pensar em me tornar um militar, mas já estava muito velho para iniciar a carreira. Eles tiveram de me explicar que eu tinha passado do momento exato. Mas ainda poderia matar inimigos. Ah, por favor, não escreva isso! Muitas vezes falo as coisas de um modo errado, o que quis dizer é que sinto que poderia sim, ainda hoje, participar de uma batalha".

Forma física
"Ontem, em uma cena, fiquei pendurado de cabeça para baixo durante um bom tempo. É um papel que exige preparo físico. Não é que eu tenha assinado meu contrato pedindo para cenas em que eu tivesse de ficar pendurado minutos a fio, mas a fisicalidade é importante para mim. Esta é a entrada, a apresentação ideal do general no filme. Mas não quero falar demais e entregar a história. Agora, isso não é difícil para mim. Difícil, para um ator, é memorizar as falas, cara!"

Liderança
"Gosto de fazer papéis em que eu possa liderar, comandar. Sempre fui um líder, gosto de ser 'o' responsável, sempre. Acho que por isso sou escalado, aqui e acolá, para viver militares".

BASTIDORES DE "G.I. JOE: RETALIAÇÃO"

Com "The Rock"
"Dwayne é meu amigo, não precisamos descobrir nosso ritmo em cena, como trabalhar o humor. É fácil. Gosto do trabalho dele, adorei fazer 'Os Mercenários' com ele. E você nunca, mesmo depois de tantos anos, sabe o que será um sucesso, o que será um fracasso. São mistérios. Minhas filhas não vêem mais filmes no cinema, por exemplo, vêem nos computadores, celulares, tablets, é outra realidade".

Penso cada vez menos sobre o aspecto industrial do cinema, aliás. Cada vez mais para mim o que interessa é contar histórias e me divertir. Claro, sei que é tudo, no fim, sobre dinheiro. Mas tento não pensar sobre isso.

Bruce Willis, sobre como vê o cinema hoje

Humor
"Na maioria das vezes, como em 'Red - Aposentados e Perigosos', a indicação para uma interpretação com uma pitada de comédia já está no roteiro, mas outras vezes eu trago o humor. Para mim é fundamental, quanto mais graça melhor".

A gangue
"Há uma história em Hollywood de filmes de grupos de heróis, de camaradas, seguimos a tradição com 'Red', 'Mercenários' e 'G.I.Joe'. Fomos muito, muito felizes com o elenco, talvez daí venha o sucesso comercial das franquias".

Trabalhando sem parar
"Nos últimos anos tive a chance de trabalhar com um punhado de diretores jovens. Era algo que queria muito fazer. Sei que meu nome ajuda um filme a sair do papel. E, ao mesmo tempo, é para mim um exercício de humildade e uma certeza de renovação permanente. Penso cada vez menos sobre o aspecto industrial do cinema, aliás. Cada vez mais para mim o que interessa é contar histórias e me divertir. Claro, sei que é tudo, no fim, sobre dinheiro. Mas tento não pensar sobre isso. E se tiver mais uma sequência de 'G.I.Joe' e eu não ficar muito velho para o papel, podem me chamar que eu volto. E 'Red 2' teve um roteiro sensacional, vocês vão gostar".