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Para diretor, "Jack: O Caçador de Gigantes" é história íntima

Cena do filme "Jack: O Caçador de Gigantes", de Bryan Singer - Divulgação / Warner
Cena do filme "Jack: O Caçador de Gigantes", de Bryan Singer Imagem: Divulgação / Warner

Ian Spelling

Do Hollywood Watch

31/03/2013 07h00

"Jack: O Caçador de Gigantes" é um filme grande, um espetáculo recheado de efeitos especiais e 3D, protagonizado por Nicholas Hoult e Eleanor Tomlinson e um elenco de apoio de verdadeiros gigantes (com perdão do trocadilho), que inclui Warwick Davis, Eddie Marsan, Ewan McGregor, Ian McShane, Bill Nighy e Stanley Tucci.

Apesar de tudo isso, Bryan Singer prefere encarar seu longa, que chega ao Brasil neste fim de semana, como algo bem mais íntimo.

"É a história de um jovem, um garoto chamado Jack, o seu processo de transformação em homem", o diretor conta. "É romântico. É uma história de amor. Tem um padrão clássico, mas também uma novidade em termos de narrativa, em termos de como as histórias são contadas ao longo dos anos e como elas mudam."

"Além disso, ele meio que explica a origem da história de 'Jack the Giant Killer', do século 18, e a de 'João e o Pé de Feijão', do século 19", continua. "Estabelece, num clima de fantasia do século 12, de onde vêm essas fábulas e o que 'realmente' aconteceu."

Apesar de tantos famosos no elenco, são os jovens britânicos Hoult e Tomlinson que protagonizam o longa: ele como Jack, o caçador do título, e ela como a Princesa Isabelle, que ele tenta salvar das garras das criaturas imponentes.

Hoult é o garoto de "Um Grande Garoto" (2002); aos 23 anos, já tem no currículo trabalho como "Skins" (2007-2008), "Direito de Amar" (2009), "X-Men: Primeira Classe" (2011) – produzido por Singer – e o atual "Meu Namorado é um Zumbi". Tomlinson, aos 20, fez pequenos papéis em "O Ilusionista" (2006), "As Aventuras de Sarah Jane" (2009) e "Alice no País das Maravilhas" (2010). Os dois, mas principalmente ela, superaram vários outros candidatos aos papéis, que foram muito cobiçados.

"Os dois são ótimos", afirma Singer. "Sempre fui fã de Nick, desde que ele fez o seriado 'Skins' e 'Direito de Amar'. Em relação a Eleanor, entrevistei várias garotas para o papel de Isabelle... e a primeira coisa que notei foi que ela era muito alta, assim como ele, e achei legal."

"Era importante ver os dois juntos", prossegue ele. "Decidi por ela quando vi a química entre os dois. Saquei na hora que era a pessoa certa."

Captura de movimento
Singer já dirigiu filmes grandes, entre eles "X-Men" (2000), "X-Men 2" (2003) e "Superman - O Retorno" (2006); porém, antes  de começar a fazer "Jack, o Caçador de Gigantes", o diretor teve que estudar muito bem o processo de captura de movimento.

"Passei um tempão conversando com James Cameron e Andy Serkis, que têm muita experiência com a técnica", explica Singer. "Eles me ajudaram muito conforme fui entrando no processo."

TRAILER DE "JACK: O CAÇADOR DE GIGANTES"

"Tudo começou no palco, com Bill Nighy, John Kassir e o nosso superelenco de gigantes", continua. "Só de falar sobre o lance que envolvia os grandalhões eu já sabia como seriam as cenas; foi só uma questão de definir o que construir ou não e o que poderíamos fazer no mundo real."

"Uma ferramenta incrível que usei foi a Simulcam, que o Jim também usou em 'Avatar' (2009)", conta Singer. "Ela permite que você pegue o material de captura e crie um esboço rústico de um gigante em movimento, que terá uma imagem facial semelhante à de uma máscara de kabuki durante a cena; aí, na hora de montar o set, seja rodando na locação ou na tela verde, ele aparece no monitor."

"Eu conseguia fazer as cenas com os atores e incluir os gigantes também", ele conta. "Ou seja, mesmo atuando com bolas de tênis amarradas em gravetos, eles podiam vir até o monitor e ver a si mesmos na cena com os gigantes. É uma ferramenta nova, mas superútil."

Agora chegou a hora de o público julgar a produção. Singer garante que fez o melhor que podia e espera que o público aprecie o resultado.

"Fizemos alguns testes de exibição", revela. "É sempre muito divertido, principalmente com famílias. Fiquei muito satisfeito com o resultado."

Talvez o único problema seja o excesso de refilmagens de contos de fadas nos últimos anos, de "Alice no País das Maravilhas" e "A Fera" (2011) a "Branca de Neve e o Caçador" (2012), "Espelho, Espelho Meu" (2012) e "João e Maria, Caçadores de Bruxas" (2013). O mercado está saturado.

"Interessante foi que eu concordei em fazer o filme e assinei o contrato antes que saíssem todos esses filmes", desabafa Singer. "Nem se ouvia falar em 'Alice no País das Maravilhas' quando acertei o projeto. Também queria que não houvesse tantos, mas garanto que o tom dessa história é totalmente diferente do das outras."

A seguir, o cineasta parte para outro megafilme, voltando ao universo X-Men para fazer "Dias de um Futuro Esquecido", uma viagem no tempo que une os personagens dos filmes anteriores com os de "Primeira Classe" (2011).

"No momento, estou em Nova York trabalhando no roteiro", ele conta. "Faz pelo menos uns dez anos que não fico tão entusiasmado com uma criação. Está ficando ótimo. São elencos diferentes, tempos diferentes... é um projeto épico."

"Com certeza é o maior filme que já fiz até agora", Singer conclui. "Acabamos de fechar com Hugh Jackman e já temos Jennifer Lawrence, Michael Fassbender, Nick Hoult, Patrick Stewart e Ian McKellen, com muito mais pintado por aí."

(Ian Spelling é jornalista freelancer em Nova York.)