Selton Mello espera "reforçar a memória" do brasileiro com animação
O ator brasileiro Selton Mello, que empresta a voz ao herói "fênix" da animação adulta "Uma História de Amor e Fúria", aposta no papel do filme como um instrumento para "reforçar a memória" dos brasileiros sobre o que de fato é a história do país. Mesmo com o papel de entreter, o longa do cineasta Luiz Bolognesi é uma tentativa de emplacar no Brasil o gênero de filme histórico, ainda raro por aqui, especialmente quando se trata de um desenho.
"Acho o brasileiro um povo com pouca memória. O bom desse tipo de filme é que uma oportunidade de relembrar as pessoas sobre as nossas coisas", afirma o artista em entrevista ao UOL. "É algo que os norte-americanos fazem muito, os filmes históricos. Aqui a gente fala pouco sobre isso. Agora temos o olhar do Luiz sobre a coisa, por meio de uma animação adulta, algo raro no país. Como cinema é um filme muito forte, que emociona e faz você aprender muita coisa."
Selton também elogiou as escolhas feitas pelo cineasta para recontar a história de oprimidos e opressores no Brasil, que utilizou somente casos que tivessem potencial na tela grande e que representassem mudanças na história do país. "Por ser roteirista, dramaturgicamente o Luiz é bem consistente. As escolhas que fez foram muito felizes, todas histórias muito ricas, com grandes possibilidades para o cinema", conta.
O trabalho de pesquisa minucioso realizado pelo diretor Luiz Bolognesi, que chegou a escrever um livro com mais episódios brasileiros que não foram retratados no filme, levou Selton até a fazer uma parte do filme em tupi-guarani. "Foi um trabalho totalmente baseado na confiança com o diretor. O Luiz me dizia como era, me mostrava uma gravação e eu seguia", diz o ator, que confessa não ter aprendido nada da língua indígena. "É dificílimo!"
Outra particularidade do trabalho de Selton em "Uma História de Amor e Fúria" foi o fato do ator ter gravado a voz antes que os desenhos estivessem prontos. "Não foi bem um trabalho de dublagem, só tinha eu e o roteiro, não havia imagem na televisão a seguir", relembra Selton, que é dublador desde os 12 anos de idade e sempre se interessou pelo ofício. Entre os trabalhos mais recentes, o ator chegou a dublar até mesmo um eletrodoméstico em "Reflexões de um Liquidificador", filme de André Klotzel.
O ator conta que foram quatro encontros diferentes com Bolognesi, espalhados em um período de cinco anos, antes de que o filme fosse realmente finalizado. "Ele me contava como ia ser uma cena, daí eu imaginava e fazia. Aí ele sumia por um ano, ia lá desenhar. Quando voltava, tinha sempre algo a mais feito", diz o artista.
As partes que geraram mais polêmicas em exibições prévias do longa, como aquela realizada durante o Festival do Rio em 2010, mostram a morte e renascimento do personagem e as chacinas ocorridas em passagens de nossa história como a Confederação dos Tamoios e a Balaiada. O Cristo Redentor em 2096 não tem mais um braço, mas Selton não acredita que a violência seja um problema do longa. "Não é nada agressivo, tudo é mostrado de forma bela. Sem falar que faz parte da história, algumas coisas ele não poderiam omitir", defende.
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