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Para diretor, Terra empobrecida de "Elysium" poderia ser o Brasil, o México ou a África do Sul

Natalia Engler*

Do UOL, em Cancun (México)

20/04/2013 12h57

Depois de transportar o apartheid para a ficção científica em "Distrito 9", o sul-africano Neill Blomkamp volta-se para as desigualdades sociais em uma produção maior e mais abrangente, "Elysium", que tem previsão de estreia no Brasil em 20 de setembro. Para estrelar ao lado de Matt Damon e Jodie Foster, escalou um elenco com experiência no assunto: os brasileiros Wagner Moura e Alice Braga, o mexicano Diego Luna e o sul-africano Shartlo Copley.

No longa, que se passa em 2154, os privilegiados moram em uma estação espacial chamada Elysium enquanto o resto da humanidade tenta sobreviver em uma Terra superpopulosa e empobrecida. Matt é um cara comum que se envolve em uma conspiração para trazer igualdade à Terra enquanto tenta salvar sua pele.

"Na minha opinião, 'Elysium' é principalmente sobre questões sociais", diz Wagner durante entrevista coletiva sobre o filme. "E isso é muito importante para brasileiros, mexicanos, sul-africanos. Eu realmente admiro cineastas  que combinam filmes que são divertidos mas têm uma segunda dimensão. É um filme muito político. Tenho muito orgulho de participar de um filme assim."

A equipe filmou grande parte das cenas que se passam na Terra em favelas e áreas empobrecidas da Cidade do México, incluindo um lixão que recebeu uma queda de helicóptero em que Matt e Sharlto ficaram cobertos de poeira de lixo.

A equipe reconhece que filmar em locações como essas traz outra dimensão à produção. "Wagner fez 'Tropa de Elite' e eu fiz 'Cidade de Deus' e acho que fazer um filme num lugar assim faz com que toda a equipe tenha uma visão de dentro, não de fora. Acho que isso transparece para o público", afirma Alice.

"Para o Wagner e a Alice, é o Brasil, para o Diego é o México, para o Sharlto é a África do Sul", afirma Neill.

"Não sei quanto vocês sabem da histórias pelas cenas que viram. Mas acho que é sobre o que esta acontecendo nos nossos países", conclui Diego.

Lixão
"Procuramos as piores áreas da Cidade do México e ficamos longe das áreas mais bonitas. Fiz desenhos para mostrar porque seria bom filmar ali, mas cheguei no primeiro dia de duas semanas, antes do sol nascer, e algo faz com que a camada de esgoto queime e o cheiro seja insuportável. Me fez pensar 'Não sei se vou conseguir fazer isso'. Mas é claro que não disse pra ninguém", conta Neill.

"Eu e Matt ficamos literalmente cobertos com a poeira daquele lixo e éramos os únicos que não estávamos usando máscaras", diz Shartlo. "Ouvi gente dizendo 'Nunca mais vou fazer isso'. E eu queria dizer a eles 'Seja homem! Eu estou cuspindo essa sujeira".

"Era a piada do set. No fim do dia ficávamos jogando as toalhas imundas uns nos outros", relembra Matt.

* A jornalista viajou a Cancun a convite da Sony Pictures