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Existe vida após "Homem de Ferro 3" para Robert Downey Jr. e Tony Stark?

Roberto Sadovski

Do UOL, em São Paulo

25/04/2013 02h34

"Homem de Ferro 3" fecha uma história bacana de um ator com um personagem. Nos últimos cinco anos, Robert Downey Jr. foi Tony Stark. Ele foi Tony Stark interpretando Sherlock Holmes. Ele foi Tony Stark na estrada com Zack Galifianakis. Até numa guerra falsa ao lado de Ben Stiller ele tinha um pedaço de Tony Stark – e até foi indicado ao Oscar de verdade por isso.

Mas será que chegou a hora de Downey e Stark apertarem as mãos e seguirem caminhos separados?

“Chega um momento que um ator quer buscar coisas novas”, disse Downey recentemente à revista "Empire". “Por outro lado, eu adoro esses caras (da Marvel) e adoro os filmes”.

Vamos aos fatos. O contrato do ator com o estúdio previa três filmes do Homem de Ferro mais "Os Vingadores". Obrigação cumprida, hora de renegociar. E aqui vai uma informação valiosa. Para a Marvel, a estrela de seus filmes são os personagens, e não os atores que os interpretam. Ao contrário da esmagadora maioria das negociações entre produtores e atores, a Marvel entra em campo com os personagens e os preços que pagam a quem os encara – seja Tom Cruise, seja Nathan Fillion.

Há quem entre nessa porque sabe o tamanho da vitrine. Chris Hemsworth ganhou cerca de US$ 250 mil em "Thor", não deve ter um inchaço no segundo filme solo do Deus do Trovão, mas pediu, e faturou, US$ 10 milhões em "Branca de Neve e o Caçador"; Jason Momoa, que nem de longe é astro de cinema, considerou um pacote parecido para "Guardiões da Galáxia" e saiu fora.

Mas a coisa é diferente com Downey. Poucas vezes intérprete e personagem se confundem tanto aos olhos do público – claro, na vida real o astro é menos espalhafatoso que o bilionário de mentira, mesmo que ele abrace a causa ao divulgar seu trabalho. É possível que ele chegue com ideias próprias para a próxima aparição do Homem de Ferro, agendada para o segundo "Vingadores" em 2015.

Dependendo do papo entre agentes, contadores e advogados, a Marvel pode seguir a estratégia Bond e tirar seu Sean Connery da jogada, colocando um George Lazemby no lugar (e a gente sabe bem como aquela jogada deu supercerto…). O esquema Bond, por sinal, não é uma ideia de todo equivocada: melhor seguir a série e trocar seu protagonista do que investir em reboots e comprometer o equilíbrio delicado do universo cinematográfico Marvel, em que todos os filmes se comunicam.

TRAILER LEGENDADO DE "HOMEM DE FERRO 3", COM BEN KINGSLEY

O próprio Downey ainda desconversa quando o assunto é seu futuro como Tony Stark, mas está claro que ele não quer seguir o caminho Stallone/Schwarzenegger/"Os Mercenários". Aos 48 anos, ele admite que ainda tem alguns anos para jogar o jogo do cinema de ação – mas que chega um ponto em que insistir é se tornar uma caricatura de si mesmo.

O ideal, portanto, para um "Homem de Ferro 4" e além, é apostar em sangue novo para assumir a armadura e continuar a saga de Tony Stark no cinema. Não é errado assumir também que o resto do elenco – Don Cheadle, Gwyneth Paltrow, Jov Favreau – deve seguir o mesmo caminho, abrindo espaço para novas caras nos personagens de sempre.

Mas quem teria a manha de ser o novo Homem de Ferro, quando o antigo é tão emblemático? Tom Cruise, no meio dos anos 2000, quando o personagem ainda estava com a New Line, ventilou a possibilidade de ser Stark – mas ele é mais velho que Downey, e sangue novo será a palavra de ordem. Jake Gyllenhaal, que quase assumiu o papel do Homem-Aranha no segundo filme de Sam Raimi, parece uma opção na mesa. Mas a lógica da Marvel parece apontar para um ator menos conhecido – e disposto a entrar nos termos da editora/estúdio.

Uma coisa é certa. O Homem de Ferro é peça fundamental dos planos da Marvel e, com ou sem Robert Downey Jr., o Vingador Dourado garantiu seu lugar no cinema a perder de vista. Só será difícil ver Tony Stark interpretado por alguém que não seja Tony Stark… Mas, como James Bond, Batman, Peter Parker e Superman podem atestar, o jogo segue.