Personagem de Marieta Severo fuma maconha em comédia sobre o Rio
Quatro mulheres em uma região de conflito. Quatro gerações de uma família que já foi rica, mas que se encontra afogada em dividas, em plena decadência. No centro da trama, o casarão decrepito no pé de um morro carioca, onde elas vivem. Ao redor, tráfico, violência e dramas familiares. Esses são os principais ingredientes do filme "Vendo ou Alugo", de Betse de Paula, com Marieta Severo e Marcos Palmeira, exibido pela primeira vez no 17º Cine PE, em Olinda, na noite de sábado (27).
Considerando os elementos, poderia render facilmente uma tragédia tipicamente brasileira, mas não é o caso. O resultado é uma comédia de tom burlesco, de um humor escrachado, que presta uma declarada homenagem às chanchadas e assume sem reservas o politicamente incorreto. "Acredito muito na força do humor, acho que em certos casos pode mostrar mais do que o drama", disse Marieta Severo ao UOL.
Antes da exibição do filme, a atriz recebeu da amiga e companheira de cena Nathália Timberg o troféu Calunga de Ouro. Festejada pelo público que lotou o teatro Guararapes, e homenageada com uma retrospectiva de sua carreira produzida pelo Canal Brasil, Marieta Severo agradeceu emocionada. "É um momento muito especial na minha vida receber essa homenagem de um festival que tem uma tradição tão grande na história do cinema brasileiro", disse.
Parte do elenco esteve presente para prestigiar a amiga. Entre eles, a filha Silvia Buarque, Marcos Palmeira, André Mattos, Pedro Monteiro. "Já contracenei muito com a Marieta, ela já foi minha mãe, minha amante", conta Palmeira. "É uma grande amiga e um exemplo, em um país onde a cultura é tão pouco valorizada, ela atua em várias áreas, montou um teatro, investe e se dedica a isso".
O elenco viu de perto a primeira exibição de "Vendo ou Alugo", atentos à reação do público pernambucano. A julgar pela quantidade de risadas, foi um sucesso. "Entenderam o espirito da coisa", acrescentou o ator.
Comédia maconhada
A primeira cena de "Vendo ou Alugo" mostra a personagem de Marieta Severo fumando maconha. Logo após a exibição, circulou no Twitter a piada de que a "dona Nené" estava puxando fumo. A atriz não se incomodou com a boataria na rede. "Há 13 anos faço essa personagem na 'Grande Família', natural que façam a associação".
Quanto à maconha, prefere não polemizar. "Está no filme, como tantos outros elementos, mas não se trata de apologia ou um subtexto sobre drogas, a história absorve uma realidade atual, é uma comédia 'maconhada', sem censura e politicamente incorreta", rebate. De fato, a comédia protagonizada por Marieta Severo trata de temas bem recentes e espinhosos do cotidiano carioca, como a questão da pacificação de favelas e a especulação imobiliária.
A família do filme precisa desesperadamente vender ou alugar o velho casarão onde vive, mas a presença da favela se torna um entrave. É por onde a história abarca a questão das diferenças sociais e a delicada e explosiva relação entre morro e asfalto. Mas tudo é tratado com muita leveza e principalmente improviso, garantiu Marieta. "Muitas cenas e marcações foram criadas na hora".
Uma soltura que provavelmente teve relação com a familiaridade do filme. Marieta é mãe da Silvia Buarque, a diretora Betse de Paula é irmã de Marcos Palmeira, e mãe da Bia Morgana --adolescente que faz a mais jovem integrante da família de "Vendo ou Alugo". "Todos nós já trabalhamos muito juntos, isso foi positivo", completou Marieta.
Há dez anos sem trabalhar com a mãe, Silvia Buarque, que no filme faz a filha da personagem de Marieta Severo, conta ser a primeira vez que vive na ficção essa relação mãe e filha. "Poderia ser complicado, mas a essa altura a experiência foi muito boa, tive a oportunidade de ter uma troca mais madura com ela, e como é minha mãe mesmo, cuidava de mim, me ajudava até com o cabelo", disse a atriz. O filme "Vendo ou Alugo" entra em cartaz em agosto nos cinemas brasileiros.
*O jornalista viajou a convite da organização do Cine PE
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