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"Somos Tão Jovens" se esforça para explicar a formação musical de Renato Russo

Thiago Azanha

Do UOL, em São Paulo

03/05/2013 06h03

Além do esperado desfile de músicas de Renato Russo, “Somos Tão Jovens”, filme de Antonio Carlos da Fontoura que estreia nos cinemas nesta sexta-feira (3), se propõe a explorar as questões existenciais do líder das bandas Aborto Elétrico e Legião Urbana. Também se esforça para explicar as histórias por trás das célebres canções compostas pelo "Trovador Solitário".

“Somos Tão Jovens” faz um recorte histórico da vida de Renato Russo, entre o surgimento do Aborto Elétrico e o começo do sucesso da banda Legião Urbana, na metade da década de 80. Aspectos como o homossexualidade e política ganham um tom ameno da história. Os fãs poderão relembrar os hits da banda com uma marcante atuação de Thiago Mendonça na pele de Renato – o ator também toca os instrumentos e canta as músicas no longa.

No período da inquietação pessoal e da “fase punk” de Renato, começam a surgir no filme as leves críticas ao período da Ditadura em Brasília – a maioria através das letras das músicas compostas pelo cantor. Nota-se o desejo de Fontoura de limitar a narrativa à vida musical de Renato, sem se importar com o cenário de revolta e desejo de mudança dos jovens nos anos finais do período militar no Brasil.

Tudo o que não é notícia ruim, é mentira

diz o jovem Renato ao ver o noticiário de TV, num momento de "explosão" no longa

Uma das ironias fictícias do filme é aproximar o cantor de Ana Claudia Costa e Pinto (Laila Zaid), filha de um importante militar, fazendo alusão ao ex-presidente Marechal Artur da Costa e Silva. O diretor explicou em entrevistas anteriores que a personagem de Laila foi inserida para representar todas as mulheres com quem Renato se relacionou. Mas ela vai muito além e acaba ganhando um destaque maior, com uma ótima atuação da atriz.

VEJA O TRAILER DE "SOMOS TÃO JOVENS"

Uma das preocupações exageradas de “Somos Tão Jovens” é a de explicar a origem e a história por trás de dezenas de músicas ao longo da fita. Um gancho que se torna pedante por ser usado de forma excessiva – principalmente nos minutos finais, quando uma música é praticamente engatada na outra.

O homossexualidade de Renato recebe um tratamento distante e apenas elusivo. Outro personagem foi inserido aqui para sintetizar os homens com quem o cantor se relacionou: Carlinhos, interpretado pelo ator Antonio Bento. Seu personagem representa, ainda, um garoto de classe diferente do meio no qual Renato circulava – ele era de Taguatinga, região do Distrito Federal na qual o cantor era viciado.

Quem perde a importância no filme é a irmã de Renato, Carmem Teresa. Interpretada por Bianca Comparato, a atriz sumiu em meio aos amigos do cantor no desenrolar da trama. A atuação discreta pode ter sido causada pela presença da própria Carmem nos sets de filmagem, que acompanhou de perto a performance da atriz – que garante ter atuado sem querer agradar a criadora. O resultado no cinema vai na contramão de sua fala.

A história de “Somos Tão Jovens” termina com o começo do sucesso da Legião Urbana fora de Brasília, com imagens reais do show que a banda fez em 1985 no Circo Voador, no Rio de Janeiro.

Outro filme baseado na obra do cantor deverá estrear no final de maio. Trata-se de “Faroeste Caboclo”, filme de René Sampaio baseado na canção homônima da banda Legião Urbana. A história gira em torno de João do Santo Cristo (Fabrício Boliveira), que deixa Salvador em busca de uma vida melhor e parte para Brasília. Lá, acaba conhecendo  Maria Lúcia (Isis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo). Mas o envolvimento de João com o tráfico de drogas faz com que ele fique frente a frente com Jeremias (Felipe Abib), caminhando para um final trágico.