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Diretora francesa Agnès Jaoui diz que quer subverter finais felizes dos contos de fadas

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

11/05/2013 06h00

Em "Além do Arco-íris”, a atriz, roteirista e diretora Agnès Jaoui, de 48 anos, se apresenta como integrante de uma nova geração da comédia no cinema francês e quer subverter os finais felizes dos contos de fadas. No Rio de Janeiro para mais uma edição do Festival Varilux de Cinema Francês --até 16 de maio em 45 cidades brasileiras--, Jaoui conversou com o UOL e admitiu que tenta colocar um pouco de feminismo em suas produções.

"Apesar de meus pais serem feministas e psicanalistas, quando era jovem eu ainda esperava o príncipe encantado. Os contos de fada existem há séculos e, mesmo assim, continuam com a mesma mitologia da princesa, do príncipe, o medo da rainha de envelhecer, o medo do lobo mau", disse.

Nesta comédia com Agathe Bonitzer, Arthur Dupont e Jean-Pierre Bacri que terá distribuição pela Pandora Filmes, o longa fala de relacionamentos e amor desmistificando o fim tradicional dos contos de fadas e propondo uma versão mais contemporânea. "Eu brinco com toda esta mitologia e misturo os personagens num conto de fadas moderno. Eu apenas quero dizer às jovens meninas que não esperem por um príncipe encantado perfeito. Existem diversas formas de se apaixonar e de amar". A comédia faz parte da seleção de filmes do Festival Varilux. 

Jaoui, que há 15 anos vem ao Brasil com frequência e se diz amante da cultura e dos brasileiros a ponto de adotar duas crianças cariocas (hoje com 10 e 12 anos), disse que há muitas semelhanças entre o cinema francês e o brasileiro. Apesar de o cinema americano ter uma grande penetração nas salas no Brasil, Jaoui argumenta que os brasileiros têm interesse pela cinematografia francesa. "Tenho quase certeza que os brasileiros gostam do estilo francês. Os dois cinemas têm similaridades, pois são países que amam a boa comida, álcool, mulheres e homens, somos diferentes mas encaixamos em alguns aspectos", comentou.

Para o lançamento de "Além do Arco-íris", Jaoui não gosta de fazer previsões e disse não ter medo de críticas. "Espero apenas que o público goste. Eu me importo sim com as críticas, faço filmes para que as pessoas vejam, mas se não gostarem, faz parte". 

Jaoui iniciou como atriz na década de 80 e já dirigiu "O Gosto dos Outros" (indicado para Oscar de melhor filme estrangeiro em 2000) e "Uma Questão de Imagem". Ela admite que não gosta de dirigir a si própria, prefere deixar essa função para alguém "É tão diferente, adoro ser apenas atriz, mas outra coisa é fazer a direção, ajudar na produção e escrever. Como atriz sou convidada e faço parte do filme, mas como diretora o filme é meu".

Ela contou que adoraria trabalhar no Brasil com diretores como Fernando Meirelles e Walter Salles. "Por enquanto é só um sonho", falou, citando as brasileiras Bianca Byington e Silvia Buarque como admiração.