"Estamos atrasados em relação à juventude de hoje", diz diretor vencedor da Palma de Ouro
O cineasta franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, 52 anos, ainda comemora a Palma de Ouro recebida há poucos minutos por seu filme “A Vida de Adèle – Capítulos 1 e 2”. O filme conta a história da garota do título, que tem 15 anos e vive as primeiras descobertas sexuais, até apaixonar-se por uma pintora, Ewa, poucos anos mais velha que ela.
“Dediquei o filme à revolução tunisiana, mas também o dedico agora à juventude francesa. Estamos atrasados em relação à juventude de hoje. Ela é muito mais aberta em seus valores. Por isso em parte tivemos a revolução na Tunísia: porque aqueles que governavam não estavam escutando os jovens”, declarou.
Por conta das fortes cenas de sexo, o diretor teme que o filme tenha problemas de distribuição em países de censura mais rígida como a Itália, que enfrenta a oposição ferrenha do Vaticano a esse tipo de filme.
O diretor brincou quando lhe perguntaram se haverá uma versão mais curta que as três horas atuais para ser lançada em outros países. “Também há o risco de termos uma versão mais longa ainda”, disse.
A atriz Léa Seydoux, mais conhecida por filmes como “Missão Impossível: Protocolo Fantasma”, concordou com o diretor. “É um filme que faz um testemunho da nossa época. Hoje, você pode amar quem quiser”, falou.
Adèle Exarchopoulos, que vive a Adèle do título, disse esperar que o filme contribua com o debate em torno do casamento gay na França e no resto do mundo. “É um filme universal, uma história de amor, fala sobre sentimentos. Não importa que sejam duas mulheres. Mas se ajudar a aumentar a tolerância entre as pessoas, certamente vai ser gratificante”, declarou.
Kechiche ainda não comentou o assunto, mas provavelmente seu próximo longa será a continuação de “A Vida de Adèle”, agora em seus capítulos 3 e 4. O filme é baseado no romance “A Vida de Marianne”, publicado por Pierre Marivaux de 1731 a 1742.
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