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Spielberg diz que Palma de Ouro para filme sobre amor gay não foi política

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes (França)

26/05/2013 15h53

Em entrevista coletiva após a premiação, Steven Spielberg, presidente do júri do Festival de Cannes, negou que a escolha da Palma de Ouro para o francês "La Vie D'Adèle" (A Vida de Adèle) tenha sido uma decisão política.

'Para nós, é uma grande história de amor que carrega uma mensagem muito positiva. E a propósito, as personagens não se casam", brincou.

"Somos convidados a acompanhar essa história de amor dilacerante. O diretor não pôs nenhum constrangimento na direção e tirou uma grande performance dessas duas atrizes jovens e formidáveis. É incrível a maneira como ele deixa os personagens respirarem. Ficamos felizes que alguém tenha tido a coragem de contar a história desse jeito", explicou o diretor de sucessos como "E.T." e "Indiana Jones".

O diretor também disse acreditar que a Palma dará uma boa projeção internacional ao filme – mesmo nos EUA, onde há grande restrição para cenas de sexo. "Não digo que vá ser exibido em todos os Estados americanos, mas creio que o filme conseguirá uma boa projeção".

Pela primeira vez, Spielberg isolou-se do mundo por dez dias para tomar sua decisão. "Costumo ler os jornais todo dia, ler notícias no meu iPad. Mas nestes dias não li absolutamente nada a respeito dos filmes. E não sofri absolutamente nenhum tipo de pressão", comentou.

O romeno Cristian Mungiu, membro do júri e Palma de Ouro em 2007 por "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", também fez uma forte defesa do filme. "É ótimo quando você esquece que está no cinema, parece que a vida está ali do seu lado. 'A Vida de Adèle' não é um filme gay, é puro cinema", elogiou.

Nicole Kidman, também no júri, disse que pela primeira vez na vida viu alguns filmes às 8h30 da manhã. "Tivemos discussões estimulantes sobre os filmes". A atriz também louvou as qualidades de se ver um filme mais de uma vez, para aprofundar a compreensão que se tem deles.