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Último "Se Beber, Não Case!" examina os problemas do "Bando de Lobos", diz diretor

Natalia Engler

Do UOL, em Las Vegas*

30/05/2013 07h00

A esta altura, quase todo mundo que gosta de comédias já sabe que “Se Beber, Não Case! - Parte 3” não tem casamento nem ressaca. Mas em novembro de 2012, com as filmagens pela metade, o diretor Todd Phillips tinha muito o que explicar sobre o novo conceito da parte final da trilogia, que estava sendo rodada em Las Vegas, à época.

“Ficou claro para nós e para os atores que queríamos mudar, porque, acredite ou não, achamos difícil acreditar que eles pudessem ter uma noite como aquela, muito menos duas. É impossível acreditar em três”, afirma Todd.

“Você pode ter uma noite ruim, e então pode ter a segunda noite ruim. Mas o que significa isso, então? Para que você possa parar e refletir e dizer: ‘Por que é que isso aconteceu conosco?’. E ‘Qual é o problema?’. E há questões em aberto que remetem ao primeiro filme, que você pode ter perdido, mas nós não. E vamos terminar esse negócio de uma maneira espetacular”, conta o roteirista Craig Mazin.

Os personagens por eles mesmos

  • Divulgação

    PHILL
    Bradley Cooper:
    acho que ele é um dos pilares, o apoio para o Alan e o Stu.
    Craig Mazin: adoro a confiança de Phill. Esquecemos que ele é professor, um trabalho meio chato. Ainda assim, quando colocado em uma situação em que outras pessoas se esconderiam para chorar, ele ganha vida. Ele é o líder natural. Adoro a ideia de que ele é um macho alfa enrustido, mas nunca tem a chance de ser esse cara que toma o controle.

    STU
    Ed Helms:
    ele é um cara de boas intenções, bacana, e então tem esse conflito com seu comportamento horrível, e muita auto aversão saí disso.
    Craig Mazin: acho que o Stu é o mais parecido comigo. Ele é muito racional, intelectual, e, claro, por isso, ele vê o quanto as coisas são insanas, então é o que se assusta mais rápido, e que diz mais rápido "Isto está fora do controle" e "O que estamos fazendo?"

    ALAN
    Zach Galifianakis:
    acho que todo mundo tem um tio esquisito. Infelizmente, para os meus sobrinhos, eu sou este tio. Então, olhei por essa perspectiva, de que todo mundo conhece essas pessoas loucas, mas elas têm que ser cativantes. Alan só não tem nenhum tipo de trava. Ele não tem nenhum mecanismo de edição dentro de sua cabeça, mas acho que ele tem uma doçura. É claro que ele é irritante, mas balanceamos isso tentando fazer com que ele fosse doce. Ele não faz nada por malícia.
    Todd Phillips: eu gosto de Alan porque ele é tão inocentemente inapropriado, o que acho que é a melhor característica para a comédia.
    Craig Mazin: Alan é instinto puro, mas também é infantil, então é uma combinação esquisita de inocência e insanidade adulta, ele é completamente fora de controle. Ele não pode se aproximar de escolas, mas não é pelos motivos que você poderia pensar, é mais porque ele provavelmente ia querer jogar bola com as crianças e ficar amigo delas.

Bradley Cooper, que interpreta Phill, também vê esse retorno a elementos do primeiro filme. “É quase olhar para trás e dizer: ‘Oh, isso realmente significava alguma coisa’. Há uma boa conclusão neste filme”.

“Eu adoro a forma como este filme, de forma muito esperta, entrelaça linhas e narrativas de toda a trilogia. Coisas que podem não ter chamado a atenção no primeiro ou segundo filme, de repente, têm um significado e relevância para o que está acontecendo nesta versão”, completa Ed Helms, o dentista Stu.

Sem revelar nenhum segredo da trama, é fácil concluir que esses elementos dos filmes anteriores estão ligados a Mr. Chow (Ken Jeong), que acaba cruzando novamente o caminho do “Bando de Lobos”. No terceiro longa, Stu (Ed), Phill (Bradley) e Doug (Justin Bartha) resolvem ajudar a família de Alan (Zach Galifianakis) a interná-lo em uma instituição para tratar seu desequilíbrio depois da morte do pai, mas no caminho são interceptados por um mafioso (John Goodman) que sequestra Doug até que os outros devolvam uma fortuna em barras de ouro roubadas por Mr. Chow.

Tom mais sombrio
Além da mudança na estrutura, outra mudança ressaltada pela equipe de “Se Beber, Não Case!  - Parte 3” é o tom mais sombrio do filme.

“As apostas neste filme são maiores, e o filme é, definitivamente, um pouco mais sombrio, que é o que eu tendo a fazer. Acho que ‘Se Beber 2’ foi mais sombrio que o primeiro, e o terceiro é  um pouco mais sombrio. Há comédia, claro, mas ainda há um pouco mais de escuridão nele”, explica Todd.

“Há uma alegria no dois primeiros filmes, porque estamos descobrindo quanto nos divertirmos na noite anterior. Mesmo que tenhamos causado toda essa confusão, ainda estamos descobrindo coisas boas que aconteceram na noite anterior. Este filme tem menos desse tipo de felicidade. Ainda é muito engraçado, mas tem um pouco de uma energia sombria nele”, conta Ed.

“Neste filme, acho que podemos nos concentrar mais nas coisas emocionais, em vez de apenas fazer loucuras só por fazer”, concorda Zach.

História de Alan
E é no personagem de Zach, Alan, que este conteúdo mais emocional se centra.

“O interessante deste filme é que ele é muito mais sobre a história de Alan, enquanto o primeiro pode ter sido a história de Stu. Sentíamos que o último aspecto a se explorar era qual é o problema dele, em que ponto ele está, qual é a palavra final sobre ele. Então, de uma maneira estranha, ‘Se Beber 3’ é a história de Alan”, afirma o diretor.

Trailer de "Se Beber, Não Case - Parte 3"

“Há uma virada para Alan neste filme, onde se vê ele crescer um pouco, da sua maneira. Este é ele”, concorda Zach. “Você vê Alan questionar por que ele é do jeito que é, e nós exploramos isso mais do que no passado. Considerando que, antes, era unidimensional, apenas um cara bobão que diz um monte de coisas estranhas, o que é legal, mas talvez o público quisesse ver uma história com mais camadas, então é uma das grandes mudanças”.

“Stu passou por algumas aventuras, uma pessoa em particular penetrou nele, mas ele está bem, e Phill sempre foi uma rocha. Mas Alan é uma confusão”, relembra Craig, o roteirista.

Amizade
Ainda que o filme concentre-se em Alan, os protagonistas concordam que a amizade é um tema central na trilogia, o que não muda no terceiro filme.

“Acho que este filme é, em última análise, sobre a amizade, e uma espécie de amor fraterno e apoio. Mesmo que nos desentendamos no filme, há essa conexão subjacente. E eu acho que é por isso que todos, de universitários a avós, amam esses caras. Porque ficam juntos, responsabilizam-se pelos outros, atravessam essas situações realmente difíceis juntos”, acredita Ed.

“Acho que a chave para ‘Se Beber, Não Case’ não é tanto a trama da noite esquecida, acho que é a química entre esses três caras, a verossimilhança de que são mesmo amigos”, diz Todd, o diretor.

“Estamos todos juntos novamente, há uma fraternidade nisso, um sentimento de família. Então, há algo sobre isso, que também está em sincronia com a idéia do ‘Bando de Lobos’, esses três caras que continuam juntos. E nós, na vida real, passamos por tudo isso, então é uma espécie de culminação perfeita. A cada dia, é quase como quando uma série é cancelada, é um sentimento agridoce”, completa Bradley.

* A jornalista viajou a convite da Warner Bros.