Com casal em crise de meia-idade, "Antes da Meia-Noite" fecha trilogia iniciada há 18 anos
Em 1995, um pequeno filme estreava no festival de Sundance: um rapaz, uma moça, um trem viajando pela Europa. O filme era "Antes do Amanhecer", resultado da colaboração entre o diretor Richard Linklater, um amigo dele --o ator Ethan Hawke-- e a atriz Julie Delpy, cuja carreira ambos admiravam.
O filme rendeu um Urso de Prata para Linklater, fez mais do dobro do seu modesto custo --R$ 2,5 milhões-- apenas na bilheteria norte-americana, e se tornou um título cult pelo mundo afora. "Imediatamente começamos a pensar em um segundo filme", disse Ethan Hawke. "Nós três tínhamos gostado tanto dos personagens, da interação entre eles, do trabalho em si, que tínhamos uma enorme curiosidade para saber o que iria acontecer com eles". Nove anos depois de "Antes do Amanhecer", Linklater, Hawke e Delpy tinham sua resposta: "Antes do Pôr do Sol".
De cima para baixo, cenas de "Antes do Amanhecer" (1995), "Antes do Pôr do Sol" (2004) e "Antes da Meia-Noite" (2013)
No primeiro filme, o americano Jesse (Hawke) e a francesa Celine (Delpy) encontram-se por acaso num trem seguindo de Budapeste para Viena e decidem, espontaneamente, passar uma noite juntos, caminhando pelas ruas da capital austríaca, conversando e apaixonando-se, com um limite: os dois prometem que o relacionamento duraria apenas até a manhã do dia seguinte.
O acaso e a conexão entre Jesse e Celine estão também no coração de "Antes do Pôr do Sol": aqui, ele é um escritor famoso lançando uma obra numa livraria de Paris, e Celine está na plateia. Jesse é casado e pai, mas não está feliz. Celine é militante ecológica e tem um namorado semiausente.
A tensão entre os dois, acumulada ao longo dos nove anos separados e uma tentativa frustrada de reencontro, vai se dissolvendo na medida em que, durante uma tarde nas ruas e cafés de Paris, eles retomam o afeto que teceram em Viena. O filme foi um sucesso ainda maior: com o mesmo orçamento modesto, "Antes do Pôr do Sol" acumulou mais de R$ 16 milhões pelo mundo afora.
Agora, outros nove anos depois de "Antes do Pôr do Sol" e 18 anos desde o primeiro filme, Linklater, Hawke e Delpy reencontram-se em "Antes da Meia-Noite". Aqui Celine e Jesse estão finalmente juntos e passam férias com os filhos na Grécia. É um romance de outono entre duas pessoas entrando na meia-idade, que se conhecem, respeitam, amam, mas que não estão imunes ao desgaste do tempo e da convivência.
TRAILER LEGENDADO DE "ANTES DA MEIA-NOITE"
Como nos filmes anteriores, o roteiro foi escrito pelos três juntos, e Delpy garante: não há "absolutamente nada" autobiográfico nem em "Antes da Meia-Noite" nem em qualquer dos outros filmes da trilogia. "Nunca encontrei ninguém num trem, nunca me apaixonei por uma pessoa num trem, nunca tentei me reconectar com alguém do meu passado. Ao mesmo tempo, o que Ethan e eu aprendemos em nossas vidas nos inspira a compor os detalhes de Celine e Jesse. Eu não poderia ter escrito Celine tão bem, como mãe, se eu também não fosse mãe na minha vida. Ethan e eu estamos na faixa dos 40 anos, agora. Nós sabemos o que isso representa.”
Hawke acrescenta mais uma fonte de inspiração para o seu Jesse: "Richard Linklater. Desde o começo foi ele, acima de tudo, que me interessou no projeto. Rick tem um modo de trabalhar com os atores que é inovador, ao mesmo tempo rigoroso e natural. Mas, acima de tudo, ele é uma pessoa muito interessante, muito inteligente, muito culto. Um filósofo, um sonhador. Em algumas coisas ele me lembra meu pai. Eu queria ser como meu pai, quando crescesse. Quando fizemos o primeiro filme, Julie e eu tínhamos 23 anos. E eu tive vontade de ser como Rick. Agora que Jesse é quarentão, acho que estou chegando perto".
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