Topo

Pilotos compartilham memórias para comandar robôs gigantes em novo filme de diretor de "Hellboy"

Gabriel Mestieri

Do UOL, em São Paulo

13/06/2013 13h55

Chamado de “’Transformers’ do homem pensante” pelo jornal britânico “The Guardian”, o novo filme do diretor de “Hellboy” e “Labirinto do Fauno”, Guillermo del Toro, parece conseguir adicionar elementos novos aos filmes de robôs explosivos.

No universo de “Círculo de Fogo”, que tem estreia programada no Brasil para 9 de agosto, monstros alienígenas gigantes – chamados de Kaiju – chegam à Terra para ameaçar a raça humana. Mas, em vez de virem do espaço, como é esperado de seres extraterrestres, surgem do fundo do oceano Pacífico, através de uma “fenda” que os transporta do “Antiverso”.

Para combater os monstros, os humanos desenvolvem robôs gigantes, da altura de um prédio de 25 andares, chamados de Jaegers. A novidade do filme de del Toro é que, pela complexidade das máquinas, dois pilotos têm que compartilhar esforços – incluindo memórias e instintos – para comandá-las, numa analogia com o corpo humano, que necessita de dois hemisférios cerebrais para funcionar.

E um dos problemas vivenciados pela raça humana na luta contra os Kaiju vem justamente daí. Em uma cena vista pela reportagem do UOL numa exibição parcial do filme feita pela Warner nesta quinta-feira (13), a piloto Mako Mori, interpretada pela atriz japonesa Rinko Kikuchi, se lembra de um episódio de sua infância em que presenciou um ataque de Kaiju quando ainda está se preparando para pilotar um Jaeger. Sem controle sobre a memória, ela aciona por reflexo uma das armas do robô quando ele ainda está dentro da garagem. O desfecho do incidente não foi exibido, mas na próxima cena Mako já aparece pilotando o Jaeger no campo de batalha.

O compartilhamento de memórias levanta, ainda, uma questão ética: pilotos parceiros acabam conhecendo, sem filtros, tudo sobre o passado um do outro.

A inevitável comparação de “Círculo de Fogo” com “Transformers” já foi rebatida por del Toro. Em entrevista ao site da revista “The Hollywood Reporter”, destacou as diferenças de seu filme. “Estamos muito, muito, muito distantes deles ['Transformers'] de uma forma consciente", disse. "As lutas não ocorrem em ambientes superbacanas, parecidos com comerciais de carros. Elas ocorrem num mar turbulento ou numa selvagem tempestade de neve. Elas ocorrem num universo incrivelmente intenso".

Em vídeo de apresentação às cenas exibidas nesta quinta, o diretor afirma que utilizou cores saturadas com toques de preto para criar o universo visual do filme. O contraponto, segundo ele, está nas cenas que ocorrem no inverno, mais cinzas.

“Círculo de Fogo” buscou bastante inspiração na cultura pop japonesa, desde a escolha dos nomes dos monstros. As lutas de Kaijus são comuns em filmes e seriados do Japão, num gênero conhecido como tokusatsu. O mais famoso dos Kaijus no ocidente, Godzilla, já foi tema de um filme hollywoodiano, no qual o monstro invade a cidade de Nova York.

Se tenta introduzir elementos que levarão às salas de cinema pessoas que não estão interessadas só em lutas e explosões, “Círculo de Fogo” também deve agradar quem quer apenas destruição. A cena da batalha entre Jaeger e Kaiju por Hong Kong tem 25 minutos de duração.

Além de Rinko, o filme conta com Charlie Hunnam, Idris Elba e Charlie Day no elenco.