"Universidade Monstros" valoriza diferenças e trata "bullying" sem histeria

"Universidade Monstros" conta a história pregressa dos personagens principais de "Monstros S.A.". A perspectiva agora é de Mike Wazowski, o monstrinho verde de um olho que só treina e incentiva o astro da empresa de sustos, o peludo James P. Sullivan. Neste prelúdio ao primeiro filme, explica-se como Mike e Sulley se tornaram amigos, a origem do antagonismo com o lagarto Randy e as relações dos dois com outros personagens.

Menos utilitarista do que "Monstros S.A.", que vende a ideia da felicidade como elemento fundamental para a produtividade corporativa, "Universidade dos Monstros" segue por um caminho menos pragmático. O filme não chega a defender o politicamente incorreto, nem a insubordinação e muito menos o condenado "bulying", mas trata esses pecados capitais do mundo moderno como obstáculos possíveis de serem superados por quem quer que seja.

O filme, assinado por Dan Scanlon, começa mostrando o pequeno Mike, vítima de "bullying" desde a tenra infância, em uma visita à Monstros S.A., onde ele e as crianças de sua classe conhecem os destemidos "assustadores", responsáveis por dar sustos nas crianças do mundo real e gerar energia para a dimensão dos monstros. É ali que ele decide se tornar um desses heróis e traça um plano para entrar na Universidade dos Monstros.

A partir desse ponto, o filme se torna uma paródia das comédias universitárias norte-americanas, sem o inevitável viés sacana que as acompanha. Mike é o aluno esforçado, que perde as noites de festa estudando e sabe toda a teoria na ponta da língua. Sulley é o filho de um célebre ex-aluno que tem o dom de assustar, um playboy irresponsável com traços de valentão. Não é preciso dizer que, a esta altura, ambos estão em turmas muito diferentes.

Depois que um incidente envolvendo a reitora Hardscrabble, definida como uma "lenda" no mundo dos monstros, faz com que sejam expulsos da Faculdade de Sustos, Mike e Sulley se resignam e vão para o curso de engenharia de contêineres de gritos. Quando ficam sabendo de uma competição entre as fraternidades para definir os melhores assustadores do campus, os dois apostam com a reitora o retorno ao curso. E, por isso, terminam na mesma equipe, junto aos nerds, com o lagarto Randy na equipe dos "populares".

É menos previsível do que se pode imaginar o que se segue no terceiro ato de "Universidade Monstros". Sob pena de se revelar mais do que o necessário, vale dizer apenas que o filme destaca o esforço pessoal e o espírito colaborativo, seja entre iguais ou entre "diferentes", como valores fundamentais para se alcançar os sonhos.