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Diretor de "O Homem de Aço" diz que se questionou se o Superman era "bonzinho demais"

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

08/07/2013 07h00

Zack Snyder ainda se lembra do seu primeiro encontro com o Superman: “Foi aquele seriado dos anos 1950, que passava religiosamente, todos os dias, justo na hora em que eu chegava da escola. Até hoje me lembro do tema de abertura, parecia que a gente ouvia por toda parte, naquele horário. Depois foram todos os filmes do Donner… A essa altura ele estava definitivamente no meu panteão de heróis”.

Com essa compreensão vinda da infância, Snyder teve imediatamente uma preocupação quando começou a trabalhar com Christopher Nolan no que viria a ser “O Homem de Aço”, que estreia no Brasil na próxima sexta (12). “Será que o Superman é bom demais? Bonzinho demais? Porque essa era minha imagem dele, o que ficou na minha cabeça… Será que hoje não é mais cool ser bom? Isso é triste demais, mas podia ser um risco. Eu precisava recolocar o bom caráter do Superman na minha cabeça, dar-lhe uma outra perspectiva. Então eu o vi como hoje vemos um bombeiro, um paramédico. Alguém que quer ajudar, que não tem medo de nada, que corre na direção do perigo quando todo mundo está fugindo dele.”

  • Divulgação

    "Ele está procurando sua identidade e um modo de se integrar no mundo. O tempo todo eu vi o personagem como uma grande busca pessoal", diz Henry Cavill, o novo Superman

Para Henry Cavill, que tem a difícil tarefa de encarnar a nova versão deste super-herói mais que clássico, a chave para compreender seu personagem foi achar um paralelo com sua própria vida: “Certo, eu sou um ator britânico interpretando um ícone norte-americano, mas, na verdade, ele é um alienígena do planeta Krypton. Ele está procurando sua identidade e um modo de se integrar no mundo. O tempo todo eu vi o personagem como uma grande busca pessoal: quem eu sou? De onde vim? Qual minha missão?”

Amy Adams, a Lois Lane desta retomada da história de Kal-El/Clark Kent, tem, como Snyder, uma lembrança forte de suas antecessoras no papel. “Minha Lois Lane é Margot Kidder [que contracenou com Christopher Reeve no filme de 1975 e suas sequências]”, Adams conta. “É esquisito, mas mesmo quando eu estava interpretando Lois Lane, na minha cabeça a primeira imagem que me vinha era Margot Kidder… Mas eu gostei da visão que Zack e Chris Nolan tiveram dela: menos moça em perigo, mais uma participante ativa da história.”

No papel de Jor-El, o pai e mentor do Superman, Russell Crowe não precisou de muita inspiração: 12 anos atrás ele e Henry Cavill se conheceram no set de “Prova de Vida”, e depois só foram se rever durante a preparação para “O Homem de Aço”, malhando lado a lado com o mesmo personal trainer. “E não foi ele que lembrou o incidente, foi meu agente”, Crowe conta. “Foi uma determinada sequência de ‘Prova de Vida’ onde havia um jogo de rúgbi e ele era um dos jogadores, um ótimo jogador aliás, imediatamente me chamou a atenção. Depois da filmagem, ele veio conversar comigo, muito sério, querendo saber  minha opinião sobre a carreira de ator. E eu fui sincero, disse que era difícil, que ninguém ia fazer nenhum favor, que era preciso ser perseverante… Esse garoto era o Henry! No momento em que me lembrei disso tudo ficou absolutamente claro na minha cabeça!”

Para os fãs que já estão aguardando possíveis continuações ou o tão falado filme da Liga da Justiça, contudo, Zack Snyder tem um conselho: calma. Ele jura que não pensou em nada disso quando preparou e filmou “O Homem de Aço”: “Não guardamos nenhuma ideia, nem eu, nem Chris [Nolan] nem [o roteirista] David Goyer. Usamos tudo o que tínhamos imaginado. Aprendi com a experiência --a ideia que a gente não põe na tela em geral é exatamente aquela que ia fazer o maior sucesso. Para mim, para todos nós, era importante começar pela base e fazer nosso Superman verossímil e bem sucedido como personagem. Só quando estivermos absolutamente certos disso a conversa pode continuar.”

TRAILER DE "O HOMEM DE AÇO"