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"Diziam que eu tinha voz de sovaco", diz Lima Duarte sobre início de carreira

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

13/08/2013 20h27

Ao lado do diretor Hermano Penna, Lima Duarte foi homenageado no Festival de Cinema de Gramado pelo filme "Sargento Getúlio" (1983), que há 30 anos conquistava cinco Kikitos no mesmo evento, entre eles de melhor filme e melhor ator.

Durante uma conversa com jornalista na noite desta terça-feira (13), Lima relembrou o início na carreira como operador de som em uma rádio paulistana. "Disseram que eu tinha voz de sovaco, então fui trabalhar como operador de som", contou ele.

O ator também falou sobre seu mais recente trabalho no cinema, o filme "A Busca", ao lado de Wagner Moura. No longa, Lima vive o pai de Moura e, apesar de ter uma participação pequena, foi elogiado pela crítica. "Essa relação de pai e filho me interessa muito. Meu pai sempre foi um mistério para mim. Temo não ter sido o filho que meu pai gostaria. O filho agradecido", disse ele.

Chegada a São Paulo
Nascido no interior de Minas Gerais, Lima Duarte chegou a São Paulo com apenas 16 anos, de carona em um caminhão de mangas. Seus primeiros trabalhos na cidade foram de vendedor de frutas, mas logo conseguiu um teste para entrar na rádio. Pouco depois, no entanto, começou a fazer efeitos sonoros nas radionovelas e conquistou uma ponta em uma das tramas da rádio. Lima ainda mostrou à plateia de jornalistas como fazia sons de cavalos, porcos e até navios piratas.

Com longa experiência em dublagem, o ator também fez questão de relembrar vozes dos personagens Wally Gator, o cão Dum Dum e Manda-Chuva. "Como disseram que tinha voz de sovaco, comecei a criar outras, engrossava em alguns momentos, subia o tom em outros".

O ator ainda criticou o uso da voz pelos atores brasileiros. "Esse naturalismo de consumo que vem dos filmes americanos é muito irritante. É preciso saber trabalhar a voz, que é elemento muito importante para o ator".

Falta de incentivo ao cinema brasileiro
O diretor Hermano Penna aproveitou a homenagem para fazer uma avaliação do cinema brasileiro. Ele disse que muita coisa mudou para melhor na indústria cinematográfica depois de "Sargento Getúlio".

Para ele, as linhas de crédito para se produzir um longa são boas, mas o problema ainda está na distribuição. "O filme brasileiro foi expulso do circuito de segunda linha. Será que ninguém vê isso? É um absurdo o que está acontecendo com a distribuição brasileira".