Organizadores criticam frieza do público do Festival de Gramado
A 41ª edição do Festival de Cinema de Gramado chega aos fim neste sábado (17) e reafirma a mudança do perfil desde o ano passado, quando produção e curadores foram substituídos. Em 2012, saíram o crítico José Carlos Avellar e o cineasta Sérgio Sanz e entraram o ator José Wilker, o jornalista Marcos Santuario e o crítico Rubens Ewald Filho.
Curadores e os coordenadores do evento, Rosa Helena Volk e Ralfe Cardoso, apontaram na tarde deste sábado os acertos e erros da edição 2013. Entre os tópicos debatidos estavam a diversidade dos filmes, o ineditismo dos longas selecionados, falhas técnicas e a ausência de Wilker pelo segundo ano consecutivo.
Diversidade dentro e fora da tela
Mais uma vez o que se viu em Gramado foi uma variedade interessante de películas e faixa etária de diretores. O Festival trouxe os jovens estreantes Dida Andrade e Andradina Azevedo com "A Bruta Flor do Querer". Na outra ponta estava o experiente Domingos Oliveira com "O Primeiro Dia de Um Ano Qualquer". "Tatuagem" e "A Coleção Invisível" são produções que representam a boa safra do cinema nordestino. O evento ainda trouxe um documentário, "Revelando Sebatião Salgado", e uma animação, "Até que a Sbórnia nos Separe". Ainda estiveram na competição o filme "Éden", do carioca Bruno Safadi, e "Os Amigos", da paulista Lina Chamie.
Falhas técnicas e atrasos
Em 2012, o festival teve problemas em três dias e a exibição de um dos filmes chegou a ser suspensa e transferida para o dia seguinte. Neste ano, os problemas foram amenizados. Nenhuma exibição teve problemas graves, mas competidores reclamaram da acústica da sala, que deixava o som estridente em alguns pontos e muito baixo em outros. Segundo Cardoso, a sala de cinema é a "joia" do festival. "Precisamos qualificar mais a projeção e o áudio. Essa é uma meta. Vamos olhar com mais atenção ainda para isso nas próximas edições", disse o organizador do evento. Algumas exibições também atrasaram bastante este ano. O longa "Tatuagem", de Hilton Lacerda, previsto para começar 21h30 do dia 11 de agosto, começou com mais de uma hora de atraso por conta de uma premiação para curtas gaúchos.
Ineditismo dos filmes
Uma das críticas recebidas pelo festival este ano é que três dos oito longas da competição, "Éden", "Primeiro Dia de Um Ano Qualquer" e "A Coleção Invisível", já haviam sido exibidos em outros festivais brasileiros. Rubens Ewald não encara isso como um problema. "Confesso que não penso nisso. Se o filme é bom, merece ser visto e revisto", disse o crítico.
O jornalista Marcos Santuario admite que os diretores se sentem mais fortalecidos quando o filme é exibido em primeira mão, mas também não vê a repetição como um problema. "Claro que ter filmes inéditos é delicioso, mas o fato de ele ter sido apresentado em outro lugar não descarta a possibilidade de também estar em Gramado".
Novas parcerias e preços populares
Além da parceria com o Festival de Havana, anunciada ano passado e mantida este ano, o festival também anuncia parceria com o festival argentino de Mar Del Plata. O evento também conseguiu manter os preços populares nas sessões, como foi feito em 2012. Em 2011, os preços iam de R$ 60 a R$ 120 e despencaram para R$ 20 e R$ 10 (meia entrada). Para a noite de premiação, o convite custou R$ 100, sem desconto.
Frieza do público
As poucas palmas depois de cada sessão surpreenderam os organizadores negativamente este ano. "O que aconteceu? Os filmes são emocionantes e as pessoas não expressam essa emoção", disse Rubens Ewald. Para Ralfe, isso é uma coisa que vai voltar à medida que o festival volta a ganhar prestígio. "Temos que ensinar as pessoas a aplaudirem", disse Cardoso.
Ausência de Wilker
Wilker é curador do festival desde 2012 e mais uma vez não compareceu à cidade gaúcha. Os outros dois curadores disseram que os compromissos de Wilker com a televisão impediram que ele viesse ao evento nas duas edições. "Mesmo ausente, ele está próximo. É muito participativo, mas é claro que sentimos a falta dele", disse Santuario.
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