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Filme bollywoodiano quer amedrontar estupradores na Índia

Do UOL, em São Paulo

30/08/2013 13h47

Em meio à onda de estupros coletivos que vem chocando a Índia, um controverso filme de Bollywood – indústria cinematográfica localizada em Mumbai – que deve ser lançado nos próximos meses quer convencer os criminosos a parar com os ataques através do medo. As informações são de reportagem publicada no site do jornal inglês “The Guardian” nesta sexta-feira (30).

Intitulado “Kill the rapist?” (mate o estuprador?, em tradução livre), o filme mostra de maneira “muito brutal e violenta” como uma vítima que conseguiu escapar de um criminoso decide o destino dele. De acordo com um site de promoção, o filme tem como objetivo fazer com que “todo estuprador trema de medo antes mesmo de pensar em cometer um estupro”.

De acordo com o produtor Siddharta Jain, um estupro ocorrido em Nova Délhi em dezembro do ano passado o inspirou a fazer o filme. “Muitas pessoas tiveram os olhos abertos pelo incidente do ano passado. [O filme] tem um título muito agressivo porque a sutileza na Índia não consegue alcançar nada. O objetivo é pressionar agentes da lei, legisladores e a mídia para conseguir a verdadeira mudança”, afirmou.

Ainda de acordo com o “Guardian”, a primeira metade do filme mostra uma mulher sendo perseguida em Nova Délhi. Mesmo após uma tentativa de estupro, a polícia não consegue ajudá-la. Quando o homem que tenta estuprá-la ataca novamente, a mulher consegue captura-lo, e durante o resto do filme ela discute com duas colegas de apartamento o que fazer com ele.

“Idealmente ela iria à polícia e as leis cumpririam seu papel. Mas isso não acontece aqui. Então como podemos impedi-lo de continuar vindo atrás dela se ela o libertar? Então ela faz algo realmente fantástico e que é legal para ela. Eu acho que se em algum momento a lei não pode te proteger, você mesmo tem que se proteger”, completou o produtor.

O diretor Sanjay Chhel afirmou que o clímax do filme vai mandar um forte sinal e gerar medo nas mentes de estupradores em potencial. “Esse papel é da sociedade e da lei indianas, mas elas falharam”, afirmou.

Após meses de grandes manifestações, o Parlamento indiano aprovou em março leis mais rígidas para os crimes sexuais, com penas maiores, incluindo a pena de morte no caso de óbito da vítima, e a ampliação da definição de agressão sexual.

No entanto, a relatora especial da ONU sobre a violência contra as mulheres, Rashida Manjoo, considera que as novas leis não são suficientemente severas para proteger as mulheres ou reprimir a desigualdade entre os gêneros.