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"Tivemos que ser muito pacientes", diz diretor do 3D "Amazônia"

Gabriel Mestieri

Do UOL, em São Paulo

27/09/2013 19h28

Diretor de "Amazônia - Planeta Verde!", ficção em 3D com elementos de documentário que conta a história de um macaco-prego que se perde na Floresta Amazônica, Thierry Ragobert afirma que as filmagens do longa exigiram muita paciência da equipe.

O fato de o "elenco" ser composto de animais, como a harpia (espécie de gavião que é predador do macaco-prego), fez com que a produção fosse imprevisível. "Tivemos que ser muito pacientes. Às vezes os animais fazia o que a gente queria logo de cara. Às vezes a gente esperava dois, três dias e eles não faziam nunca o que queríamos, e precisávamos reescrever a cena", conta.

Ragobert, que considera o filme uma "ficção naturalista", afirma que o longa teve que ser feito passo a passo, dependendo do comportamento dos animais e do que acontecia durante as filmagens. "A gente tinha que reescrever a história quase todo dia", diz.

O filme, que abriu o Festival do Rio nesta quinta-feira (26), conta a história de um macaco-prego que vive no Rio de Janeiro e, após um acidente de avião que mata todos os passageiros menos ele, tem que aprender a sobreviver na Amazônia. As ações do macaco, entretanto, ficam restritas a coisas que poderiam acontecer na realidade, e não há uma voz em off do animal, como costuma acontecer em filmes com bichos.

De acordo com Luiz Bolognesi, um dos roteiristas do longa, esse foi um dos motivos que levaram a uma confusão sobre a classificação do filme – no Festival de Veneza, por exemplo, foi incluído na seleção de documentários. "É claro que é ficção, porque tinha roteiro, o que está no papel é o que está no filme. Claro que teve improvisação, dependendo do comportamento dos animais". "Eu gosto dessa confusão, talvez não seja bom para circular o filme, mas acho original, criativo, positivo. Quer dizer que ele não é fácil de ser classificado e posto numa gavetinha", completa.

O diretor francês afirma que "foi um prazer" trabalhar com animais em vez de atores humanos. "É muito interessante perceber os sentimentos dos animais, e o filme é sobre isso. É uma poesia. Nós precisamos de histórias de animais", diz.

Bolognesi, que trabalhou ao lado de três roteiristas franceses, disse ter adorado escrever um filme sem diálogos. "É muito complicado, mas gostei como desafio", afirma o roteirista, que disse ter buscado referências em "O Vagabundo", de Chaplin.

O ator conta que observou, com a ajuda de biólogos, o comportamento dos macacos-prego e da harpia para fazer o filme, além de ter recorrido também à sabedoria popular. "Pude entender do ponto de vista científico o comportamento do macaco que aparece no folclore. Ele sempre engana a onça apesar de não ser o mais forte", diz.

Coprodução franco-brasileira, "Amazônia – Planeta Verde" tem estreia no Brasil prevista para o primeiro semestre de 2014.