Após cancelamento, Festival do Rio exibe "Cidade de Deus - 10 anos depois"
Mesmo após a cerimônia de encerramento do Festival de Cinema do Rio já ter sido realizada, na quinta-feira (10), o filme “Cidade de Deus - 10 anos depois”, de Luciano Vidigal e Cavi Borges, teve sua pré-estreia na noite deste sábado.
Impedido de ser exibido pela onda de manifestações dos professores no Rio de Janeiro, a sessão de gala do longa que resgata os atores que participaram da produção de Fernando Meirelles, estava prevista para ocorrer na terça-feira, dia 1º de outubro. No entanto, com o fechamento do Cine Odeon, a tradicional sala de cinemas no centro da cidade, o filme só teve espaço para ser exibido neste primeiro fim de semana após o encerramento oficial do Festival.
A sessão não esteve lotada como, em geral, ficam as exibições de Première Brasil, mas contou com a manifestação de apoio aos professores. “No início, a gente ficou um pouco abalado com o frisson de uma pré-estreia e a expectativa do festival. Mas depois a gente se olhou e realmente viu que não tinha clima. A gente apóia os professores, a nossa manifestação é o cinema”, disse ao UOL Luciano Vidigal.
Vidigal atuou no “Cidade de Deus” (2002) e dirigiu um dos episódios de “5x Favela - agora por nós mesmos” (2010) – exibido no Festival de Cannes. “Apesar da gente estar há dois anos fazendo o filme, e com a perspectiva da estreia no Odeon, na hora acontece isso. O filme acabou passando em outras sessões, e agora a gente está tendo um feedback das pessoas. Estamos comemorando com os amigos”, comentou Cavi Borges.
“Cidade de Deus - 10 anos depois” investiga o destino dos atores que participaram do premiado filme dirigido por Fernando Meirelles e Katia Lund. O documentário mostra os diferentes resultados, fruto do sucesso mundial do filme “Cidade de Deus”, na vida de cada um deles se os atores estavam preparados para o sucesso.
Luciano Vidigal comentou que ao longo de dez anos muita coisa aconteceu. “Trabalhei no filme Cidade de Deus e, encontrar esses atores em algumas situações, me abalei um pouco, não consegui me distanciar em alguns momentos do filme. É um filme sobre o brasileiro que fala de oportunidades, transformações e sonhos”, resumiu.
Segundo Vidigal, a proposta do filme é fazer um panorama sobre os atores do filme. Na ocasião, atuaram 200 pessoas, mas 40 foram localizados, dos quais 15 têm seus depoimentos registrados no longa. “O filme mostra que a gente tem talentos no Brasil, mas que infelizmente são perdidos por escolhas, por injustiça ou pelo sistema de trabalho artístico que é difícil”, disse Vidigal.
Borges comentou que os atores que tinham alguma estrutura familiar por trás, uma escola de teatro e apoio conseguiram se beneficiar e “aproveitar dessa oportunidade que o filme abriu para eles”. No entanto, “os que não tiveram essa estrutura, a maioria se deslumbrou, conseguiu até um certo sucesso, mas logo depois caiu”. O filme começou a ser filmado em janeiro de 2012. A ideia surgiu durante um festival de cinema em Sergipe em 2011 quando uma jornalista autora da biografia de Fernando Meirelles sugeriu.
Para arrecadar fundos, a dupla de diretores lançou uma campanha de crowdfunding e conseguiu reunir R$ 30 mil. “Fizemos uma festa para conseguir mais dinheiro, chamamos os atores para serem DJs e, no final, ganhamos um edital da Secretaria Estadual de Cultura do Rio”, disse Cavi Borges. Ainda sem data para estreia, mas com previsão de ser lançado em 2014, o documentário que custou R$ 280 mil já recebeu vários convites internacionais.
“A gente não tem dinheiro para lançar, temos que conseguir um distribuidor”, comentou Borges.
Além do Festival do Rio, o filme será exibido na Mostra de São Paulo na próxima semana. Os diretores aguardam um retorno do Festival de Sundance e de Berlim. Eles ainda receberam convites da Alemanha, Espanha e França.
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