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Mostra de SP presta tributo a Fellini e River Phoenix, mortos há 20 anos

O diretor Federico Fellini e o ator River Phoenix, que morreram no mesmo dia, em 31 de outubro de 1993 - Montagem/Reprodução
O diretor Federico Fellini e o ator River Phoenix, que morreram no mesmo dia, em 31 de outubro de 1993 Imagem: Montagem/Reprodução

Leonardo Rodrigues

Do UOL, de São Paulo

31/10/2013 08h50

Um é lenda do cinema. Artífice de universos poéticos e tragicômicos, demarcado por críticas sociopolíticas, e que dirigiu alguns dos clássicos mais influentes da história. O outro, ator prodígio e posterior sexy simbol, viveu um conto de fadas de Hollywood. Com direito a sucesso meteórico, abuso de drogas e uma morte inesperada por overdose aos 23 anos.

Em comum, Federico Fellini (1920-1993) e River Phoenix (1970-1993) têm a data de óbito, este 31 de outubro, quando deram adeus as artes em 1993. Mas também dividem a capacidade de magnetizar plateias de todo o mundo, como as duas homenagens prestadas na programação da Mostra de São Paulo este ano.

O diretor Italiano é o foco de "Que Estranho Chamar-se Federico", de Ettore Scola, que encerra o evento nesta quinta-feira (31), enquanto o ator norte-americano pode ser visto em "Dark Blood", sua última atuação, interrompida após a trágica morte, em frente à boate Viper Room de Johnny Depp, em Los Angeles. O filme terá duas exibições nesta quinta-feira (31), às 21h, no Cine Livraria Cultura e no Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca. 

  • Cena de "Que Estranho Chamar-se Federico"

Sucesso absoluto no Festival de Veneza, "Que Estranho Chamar-se Federico" recria passagens da vida do autor de "La Strada", amigo pessoal de Scola. Misturando ficção e documentário, tece um relato não linear, ao sabor felliniano, composto por fotos de arquivo, memórias e filmagens históricas.

Além de celebrar a amizade entre os cineastas, o filme tem como foco principal o retorno ao Estúdio 5 da Cinecittà das décadas de 1950 e 1960, a "fábrica de sonhos" do cinema de uma Itália ainda confusa, aprendendo a lidar com os fantasmas da Segunda Guerra Mundial.

"Que Estranho Chamar-se Federico" mostra ainda o esforço de Scola para que Feliini reproduzisse ele mesmo a cena de Anita Ekberg e Marcello Mastroianni na Fontana di Trevi, em "A Doce Vida" (1960). A pérola está eternizada no longa "Nós que Nos Amávamos Tanto" (1974), como um tributo curioso a quem mais soube influenciar nomes como Woody Allen, Martin Scorsese e o próprio Ettore Scola.

  • River Phoenix em seu último filme "Dark Blood"

 Já o abortado "Dark Blood" acompanha um problemático casal perdido no deserto de Nevada. Lá, nos arredores de uma área de testes nucleares, eles encontram um misterioso jovem com tendências psicóticas, que apenas aguarda o fim do mundo. Phoenix (o "Boy") acaba servindo de catalizador para a relação.

Com jeito de produção independente, o filme só pôde ser finalizado recentemente, graças a um esforço das equipes de produção e edição --somente 65% dos rolos estavam em condições de uso e praticamente apenas as cenas externas haviam ganhado registro.

Enterrada nos corredores da produtora, que tinha planos de destruí-la, a película precisou ser salva pelo diretor George Sluizer (de "O Silêncio do Lago"), que decidiu reaver o projeto em 2007, após sofrer um aneurisma que quase lhe custou a vida.

O canto do cisne de Phoenix revela os últimos momentos de um astro coerente com sua trajetória. Adulto e com o vício em drogas mantido em sigilo, ele buscava a afirmação em papéis dramáticos, com componentes de conflito psicológico mais acentuados, como no drama "My Own Private Idaho", em que interpreta um gigolô.

Dividindo críticos, a homenagem póstuma já passou pelo festival de Berlim, após estrear na cidade holandesa Utrecht, no Festival de Cinema da Holanda, em setembro do ano passado. Foi exibido pela primeira vez nesta terça-feira (29) em Hollywood. Ainda não há previsão de lançamento do circuito comercial.