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Com De Niro e grande elenco, "Se Beber Não Case" da 3ª idade constrange

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

05/12/2013 18h52

É uma comparação básica, como o próprio título do filme sugere, “Última Viagem a Vegas”, que estreia nesta sexta-feira (6), é uma espécie de “Se Beber, Não Case” da terceira idade, com um elenco de notáveis veteranos: Robert De Niro, Michael Douglas, Morgan Freeman e Kevin Kline. Assim como no filme de Todd Philips, quatro amigos decidem ir para uma despedida de solteiro em Las Vegas e celebrar o casamento de um amigo.

A premissa é a mesma, mas ao invés do humor um tanto exagerado e escatológico (mas, convenhamos, engraçado) e todos os eventos bizarros (tigre dentro do hotel, perseguição de carros e um bebê desconhecido), o longa dos setentões, dirigido por Jon Turteltaub (da série “A Lenda do Tesouro Perdido”), é sem graça e constrangedor.

Billy (Michael Douglas), Paddy (Robert De Niro), Archie (Morgan Freeman) e Sam (Kevin Kline), são amigos de infância. Rico e solteirão, Billy vai se casar pela primeira vez com a namorada 40 anos mais nova. Para o evento, ele reúne os camaradas para reviver os dias de glória em uma despedida de solteiro na cidade do Pecado.

Existe a promessa de um pouco de diversão logo no início do filme, quando Sam (Kevin Kline) recebe uma espécie de “vale-night” da esposa com a mensagem: “O que acontecer em Vegas, fique em Vegas”. Mas a reunião dos setentões se apega ao clichê do choque de gerações diferentes e não rende uma cena ou piada memorável sequer.

Pode-se dizer que a vida na terceira idade não seja de diversão e que o filme pode servir, então, de reflexão sobre a velhice. Existe realmente essa intenção, já que a história também serve para abrir (e resolver) algumas feridas do passado dos personagens. Paddy é viúvo e rabugento, Archie vive aos cuidados do filho após ter sofrido um derrame, Sam tem uma placa de titânio no quadril e vive a espera da oportunidade de trair a mulher e Billy é aquele que se blinda com o dinheiro em uma redoma de juventude artificial. Mas o roteiro fraco e a direção de Turteltaub, que parece ter trabalhado no automático, preocupado apenas no melhor ângulo daquele hotel cinco estrelas, não conclui bem os pequenos dramas dos personagens. E não dá para jogar toda carga dramática – já frágil – na trilha sonora melosa com piano que aparece em toda e qualquer cena que não seja uma tentativa de piada.

Mary Steenburgen, que interpreta uma cantora madura de um cassino, é quem mais acaba servindo de ponte entre os personagens. Mesmo assim, seu papel carece de maior profundidade e parece ter pulado do roteiro apenas para dar um sentido a toda aquela história.

O constrangimento atinge picos alarmantes com a cena de competição de biquínis a beira da piscina. Redfoo, parte da dupla musical LMFAO, é o mestre de cerimônias do evento e chega a dançar de sunga na cara de Robert De Niro. É inevitável se questionar: por qual razão o ator, quase uma instituição do cinema, topa fazer um projeto assim? A pergunta se estende aos outros atores, todos ganhadores de Oscar, e até mesmo Michael Douglas, o mais artificial de todos – da fala ao bronzeamento exagerado. Se deixar o cachê milionário dos atores de lado, chegamos à conclusão: Ninguém precisa desse filme. Nem eles, nem nós.

Trailer legendado de "Última Viagem a Vegas"