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Hector Babenco diz que não consegue financiamento para fazer novos filmes

Do UOL, em São Paulo

14/01/2014 01h14

O cineasta argentino-brasileiro Hector Babenco, diretor de filmes como "Pixote: A Lei do Mais Fraco" e "Carandiru", disse nesta segunda-feira (13) durante entrevista no programa "Roda Viva", da TV Cultura, que não consegue financiamento para realizar novos filmes. "Não tenho conseguido penetrar no tecido econômico para fazer um filme. (...)  Tenho sido recusado constantemente por todos os editais nos quais eu me apresento para tentar recursos", afirmou o diretor de "O Beijo da Mulher Aranha", que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor direção em 1986.

Para o diretor, cujo último longa-metragem, "O Passado", foi rodado em 2006, o Brasil tem hoje um "custo de produção cinematográfica altíssimo" por conta de ajudas que o Estado dá a cineastas sem exigir contrapartidas. "Hoje fazer um filme no Brasil custa aproximadamente 60% mais caro do que na Argentina. (...) Diria que o Estado é o pior parceiro que um ser humano lúcido merece ter na vida", disse o diretor.

De ascendência judaico-ucraniana, Babenco nasceu na Argentina e radicou-se no Brasil, para onde veio aos 19 anos. Ele já dirigiu atores como Jack Nicholson, Maryl Streep e William Hurt, que, em 1986, ganhou o Oscar de Melhor Ator por seu papel em "O Beijo da Mulher Aranha". Babenco também já teve três de seus filmes selecionados para o Festival de Cannes ("O Beijo da Mulher Aranha", em 1985, "Coração Iluminado", em 1998, e "Carandiru", em 2003).

Questionado sobre qual país tem o melhor cinema --Brasil ou Argentina--, Babenco disse não conseguir orientar o pensamento em absolutamente nada dentro de um critério de "Fla x Flu", mas acabou revelando que "ás vezes gosta mais do cinema brasileiro do que argentino". "Diria que o cinema argentino pensa como pensa a Argentina e que o cinema brasileiro como pensa o brasileiro", ponderou.

O cineasta foi entrevistado pela apresentadora Marina Person, pelo psicanalista Contardo Calligaris, pelo documentarista Sylvio do Amaral Rocha, pelo crítico de cinema Rodrigo Fonseca e pela cineasta Laís Bodanzky. O Roda Viva contou também com a participação do cartunista Paulo Caruso.

Babenco explicou que sua decisão de realizar um filme em inglês ("O Beijo da Mulher Aranha") se deu porque não estava conseguindo dinheiro com filmes nacionais. "Fiz o 'Pixote' e o 'Lúcio Flávio', que juntos fizeram quase 10 milhões de espectadores, e não tinha dinheiro para pagar o dentista da minha filha", afirmou.