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Ator inspira-se em "O Iluminado" para viver louco em filme com Sandy

Thiago Stivaletti

Colaboração para o UOL, de Tiradentes (MG)

27/01/2014 12h44

Ele é conhecido do público do teatro em São Paulo e já fez um bom punhado de filmes independentes. Mas só agora o nome de Marat Descartes, ator homenageado pelo Festival de Tiradentes neste ano, começa a ser conhecido. O nome já causa um certo estranhamento – mistura um dos líderes da Revolução Francesa com o do filósofo e pensador René Descartes, aquele do “penso, logo existo”. “Meu bisavô amava a Revolução Francesa. Meus avôs se chamam Danton e Robespierre. Mas o Descartes não sei dizer de onde vem.”

Marat (fala-se “Mará”) já teve grandes papéis como o executivo desempregado de “Trabalhar Cansa”, o professor atormentado pelos vizinhos marginais em “Os Inquilinos” e um dos traficantes do thriller “Dois Coelhos”. Na TV, pode ser visto na série “O Negócio”, da HBO, ou como o policial Mariano da série “A Teia”, que a Globo exibe a partir desta terça. E estará nos cinemas a partir desta semana no suspense “Quando Eu Era Vivo”, no qual atua ao lado de Sandy e Antonio Fagundes.

No filme, Marat vive Junior, um homem que volta a morar com o pai e começa a desencavar segredos do passado da mãe, uma mulher envolvida em estranhas cerimônias de ocultismo. “Ele começa o filme como um sujeito levemente deprimido, mas entra numa espiral de loucura.”

Sem ler o livro

Uma das referências foi o Jack Nicholson de “O Iluminado”, de Stanley Kubrick. “Claro, não tentei imitar as expressões do Jack. Mas os dois personagens têm essa coisa da loucura numa situação de confinamento, dois sujeitos que aos poucos vão se tornando um perigo para os seus familiares”. O ator também viu grandes filmes de suspense psicológico como “O Inquilino”, de Roman Polanski, e “A Síndrome de Caim”, de Brian De Palma.

Entre diretores como Sérgio Bianchi e Marco Dutra, Marat é conhecido por ser um ator bem racional. “Sempre acredito que uma boa conversa com o diretor é melhor do que mil ensaios”, diz ele. Em “Quando Eu Era Vivo”, Dutra pediu para que ele não lesse o livro no qual o filme se inspira – “A Arte de Produzir Efeito Sem Causa”, de Lourenço Mutarelli, para que ele fosse mais fiel ao personagem que está no roteiro final.

Seu trabalho mais recente no teatro foi no tríptico “Puzzle”, de Felipe Hirsch. Em março, Marat retorna aos palcos paulistanos com o monólogo “O Natal de Harry”, que lhe valeu o Prêmio Shell. E trabalha para realizar até o fim do ano um antigo sonho: levar aos palcos uma nova versão de “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams, no qual vai viver o personagem eternizado por Marlon Brando no cinema. A seu lado, Maria Luísa Mendonça viverá a mítica Blanche Du Bois.

Passarinho

Longe da direção desde o drama “Nome Próprio”, que valeu a Leandra Leal o prêmio de melhor atriz no Festival de Gramado, Murilo Salles estreou em Tiradentes um filme bem pessoal, de baixíssimo orçamento: o documentário “Passarinho Lá de Nova Iorque”.

O filme mostra os esforços de Cícero Filho, um pequeno cineasta independente do município de Poção das Pedras, no Maranhão, para refilmar uma cena de um de seus longas-metragens. Um filme afetivo, mas cujas ambições modestas podem decepcionar os fãs do diretor de filmes marcantes como “Como Nascem os Anjos” (1996) e “Nunca Fomos Tão Felizes” (1984).