Topo

Prefeitura investirá em cinema com a SP Cine e salas de rua, diz secretário

Alfredo Manevy, secretário-adjunto da Cultura da cidade de São Paulo - Avener Prado/Folhapress
Alfredo Manevy, secretário-adjunto da Cultura da cidade de São Paulo Imagem: Avener Prado/Folhapress

Carlos Minuano

Do UOL, em São Paulo

05/02/2014 05h30

Em São Paulo, o ano começou com boas notícias para cinéfilos em geral. Enquanto ainda brindava a reabertura do Cine Belas Artes, o secretário-adjunto da Cultura, Alfredo Manevy, em entrevista ao UOL, adiantou mais uma boa nova: “A agência de cinema SP Cine começa a operar em abril”.

Com sede no centro, a agência deve ter uma estrutura enxuta e ágil, de empresa. “Terá pouco custeio e muito investimento”, garante Manevy. Segundo ele, serão diferentes linhas de atuação, no fomento à produção, distribuição, exibição e criação de circuitos.

Mas as atribuições da nova agência não devem ficar restritas ao estado de São Paulo. “Será um centro articulador do cinema brasileiro”, ressalta. “Temos vocação para ser um centro exportador e importador de outros cinemas”.

Manevy informa ainda que outras ações devem ser desenvolvidas, dirigidas à formação, democratização do acesso e ativação de circuitos culturais.

Entretanto, para a agência iniciar suas atividades de fato, faltam ainda algumas etapas: constituição da empresa, registro e criação da sede, que ainda não tem endereço definido.

Questionado se o tempo é suficiente, Manevy argumenta que até o meio do ano começam a funcionar algumas operações. “Atividades em maior volume estão previstas para o segundo semestre”, declara.

Cinemas de rua
Manevy afirma que a reabertura do Cine Belas Artes –em parceria com a prefeitura e com patrocínio da Caixa– faz parte de uma série de ações voltadas a recuperar grandes ativos culturais e sociais que estão se perdendo, vítimas da especulação imobiliária. “Essa é uma marca triste da cidade”, afirma. “Representa mais do que um cinema, é um projeto urbano”.

A ideia da prefeitura, segundo o secretário-adjunto, é desenvolver uma política pública de cinema de rua. “Queremos reabrir outros cinemas de rua, históricos e importantes, que estão desativados”. Ele conta que o próximo da lista deve ser o Cine Art Palácio, localizado na avenida São João, centro da cidade, ao lado da Galeria do Rock.

Mas, não está garantido que o espaço voltará a ser exclusivamente de cinema. “Talvez tenha que ter outras funções para se sustentar e para que justifique o investimento feito, e não faz sentido também voltar ao modelo de sala dos anos 1930, é preciso repensar o modelo”.

O antigo Cine Art Palácio iniciou suas atividades em 1943 e entrou em decadência a partir de 1980, passando a exibir filmes pornográficos, até fechar as portas definitivamente em julho de 2012.

A ideia de recuperar o velho cinema foi do ex-secretário Carlos Augusto Calil, que pensava instalar ali um espaço dedicado a espetáculos musicais. Em breve, de acordo com Manevy, “deve se tornar um grande equipamento cultural no centro de São Paulo”.

A agência
A lei que cria a SP Cine (empresa pública semelhante a RioFilme) foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad, no final de 2012. Com recursos da prefeitura e do governo do Estado, além de mais um aporte ainda não informado da Ancine, a agência deve injetar em São Paulo mais de R$ 50 mi em 2014, mais que o dobro do valor investidos no setor em 2013 pelo Estado e pelo município, que não chegou a R$ 25 mi.

A SP Cine atuará como distribuidora, fomentadora, investidora em desenvolvimento de projetos e incubadora. Manevy destaca ainda que será criado uma "film commission", estrutura que atuará em conjunto com outras áreas da prefeitura para facilitar filmagens na cidade.

Faz sentido. Apesar de São Paulo ter a maior infraestrutura do Brasil – maior número de produtoras, canais de televisão e prestadoras de serviços, como finalizadoras – paradoxalmente não se consolidou como centro exibidor ou polo de produção. A agência quer mudar esse quadro desfavorável à cidade.

“Rio de Janeiro, por exemplo, tem bem menos produtoras e canais, mas se colocou melhor no mercado de cinema e televisivo. São Paulo também precisa de uma estratégia e a SP Cine pretende fazer essa articulação”, observa.