Topo

Paulínia abre editais para retomar produção no Polo Cinematográfico

Estúdios do Polo Cinematográfico de Paulínia - Aline Arruda/Divulgação
Estúdios do Polo Cinematográfico de Paulínia Imagem: Aline Arruda/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

27/02/2014 15h45

Depois de quase dois anos paralisado, a prefeitura de Paulínia dá os primeiros passos para retomar as produções no Polo Cinematográfico da cidade.

Foi anunciado nesta quinta (27) um edital para o financiamento da produção de curtas e longas metragens, no total de R$ 8,98 milhões. O edital contemplará 14 curtas --R$ 70 mil para cada, sendo sete de abrangência nacional e sete de moradores na região de Campinas, incluindo seis de diretores estreantes e ao menos dois documentários, duas ficções e duas animações-- e dez longas, divididos em dois grupos: o primeiro recebe até R$ 1 milhão e o segundo, até R$ 500 mil.

Para receber os valores, as produções deverão utilizar a infra-estrutura do Polo Cinematográfico de Paulínia, que inclui estúdios, escritórios temporários de produção e infraestrutura para facilitar as filmagens na cidade.

As inscrições podem ser feitas nos próximos 45 dias e os editais estão disponíveis no site da prefeitura de Paulínia.

Entre as contrapartidas exigidas estão a realização da primeira exibição pública do filme no Brasil no Theatro Municipal Paulo Gracindo, com a presença do diretor e pelo menos um ator do elenco principal e entrevista coletiva para a imprensa da região durante as filmagens.

Entre as produções que se beneficiaram com verbas de Paulínia nos últimos anos estão filmes como "Bruna Surfistinha", "De Pernas pro Ar", "Ensaio sobre a Cegueira" e "O Palhaço".

Hollywood brasileira

O Polo de Paulínia estava paralisado desde abril de 2012, quando o então prefeito José Pavan Junior anunciou o cancelamento do festival de cinema realizado na cidade, que iria para sua quinta edição, alegando que direcionaria a verba para programas sociais.

A retomada das atividades foi anunciada em novembro de 2011, pela secretária de Cultura Mônica Trigo, que na época informou ao UOL que estúdios, cursos e editais estavam para ser retomados e que o próximo festival de cinema acontecerá em julho de 2014. A curadoria será do crítico de cinema Rubens Ewald Filho e da produtora Tatiana Quintella. "Vamos dar ao projeto nova roupagem para que se estabeleça como uma política permanente", disse.

Idealizada para ser a "Hollywood brasileira", estima-se que cerca de R$ 490 milhões já tenham sido gastos no polo de Paulínia, desde a década de 1990, quando iniciaram as obras. Os recursos são oriundos dos royalties do petróleo.

Entretanto, um imbróglio político interrompeu as atividades do complexo, que possui estúdios de gravação, teatro, escola, escritório de captação de projetos e um restaurante. O projeto foi criado pelo ex-prefeito, Edson Moura (PMDB), que elegeu o filho Edson Moura Júnior (PMDB), na eleição de 2012, como manobra para escapar da Lei da Ficha Limpa.

Moura disputou a eleição por força de uma liminar a seu favor, mas já havia sido condenado duas vezes pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por improbidade administrativa.

Depois de recorrer na justiça, quem acabou ocupando o cargo na ocasião foi o segundo colocado em Paulínia, José Pavan Junior (PSB). Em abril passado, Pavan que já havia abandonado a estrutura do polo e interrompido editais, cancelou o festival de cinema da cidade.

Em julho deste ano, porém, por decisão do TSE, Moura Junior assumiu o cargo e anunciou a intenção de retomar o projeto do polo.