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Oscar homenageia cineasta brasileiro Eduardo Coutinho

Eduardo Coutinho foi um dos homenageados no Oscar 2014 entre as perdas do ano - Reprodução
Eduardo Coutinho foi um dos homenageados no Oscar 2014 entre as perdas do ano Imagem: Reprodução

03/03/2014 00h59

O cineasta brasileiro Eduardo Coutinho foi um dos homenageados no Oscar 2014. Sua imagem apareceu entre as perdas do ano, entre elas, a dos atores Paul Walker e Philip Seymour-Hoffman.

O francês Alain Resnais, que morreu neste sábado (1º) aos 91 anos, não esteve entre os homenageados. Conhecido por filmes como "Hiroshima, Meu Amor" (1959), "O Ano Passado em Marienbad" (1961) e "Muriel" (1963), Resnais costuma ser associado ao movimento experimental que ficou conhecido como nouvelle vague na França. 

Coutinho, um dos principais documentaristas brasileiros, havia sido convidado em meados de 2013 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação do Oscar, para fazer parte da instituição. Ele foi morto a facadas pelo filho no dia 2 de fevereiro deste ano.

Coutinho trabalhava em um novo filme e no relançamento de sua obra-prima, “Cabra Marcado para Morrer”, de 1984. O novo trabalho, chamado de "Sobreviventes da Galiléia",  tinha como objetivo reencontrar antigos entrevistados do filme. No entanto, não se sabe se Coutinho já havia contatado muitas pessoas. O filme estava sendo gestado em parceria com a Videofilmes, do cineasta João Moreira Salles, amigo de Coutinho, e parceiro nos últimos filmes do diretor.

Trajetória

Nascido em 11 de maio de 1933, em São Paulo, Eduardo Coutinho abandonou o curso de direito por uma carreira no entretenimento. Depois de estudar direção e montagem na França e voltar ao Brasil em 1960, Coutinho entrou em contato com o Cinema Novo e o Centro Popular de Cultura (CPC), da UNE.

No CPC, o cineasta começou a trabalhar no que seria considerado seu projeto mais importante: uma ficção baseada no assassinato do líder das Ligas Camponesas, João Pedro Teixeira, com elenco formado pelos próprios camponeses do Engenho Cananeia, no interior de Pernambuco. A produção de “Cabra Marcado para Morrer” teve que ser interrompida depois de duas semanas de filmagens, quando ocorreu o Golpe Militar de 1964 e parte da equipe foi presa sob acusações de comunismo.

O filme só seria completado em 1984, depois de Coutinho reencontrar negativos que haviam sido escondidos por um membro da equipe, e resolveu retomar o projeto como um documentário sobre o filme que não foi realizado e sobre os personagens reais que seriam os atores do primeiro projeto.

Entre 1966 e 1975, atuou principalmente como roteirista de produções como “A Falecida” (1965), “Garota de Ipanema” (1967) e “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976). Em 1975, Coutinho passou a integrar a equipe do “Globo Repórter”, onde permaneceu até 1984.

Depois de “Cabra”, Coutinho se firmou como o principal documentarista do país, com filmes que privilegiavam pessoas comuns e as histórias que elas têm para contar, como “Santo Forte” (1999), “Edifício Master” (2002), “Peões” (2004) e “Jogo de Cena” (2007). Seu último longa foi “As Canções”, de 2011.

Em 2013, ao completar 80 anos, Coutinho ganhou homenagem na Festa Literária Internacional de Parati e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que organizou uma retrospectiva completa de seus filmes e um livro reunindo textos de e sobre o cineasta.

Na ocasião, Coutinho afirmou ao UOL que o público foge de documentários. "Isso é trágico. Tem uma diferença entre ficção e documentário, e é apenas para a Ancine [Agência Nacional do Cinema]. Documentário é uma palavra maldita. Se o público cheirar documentário, ele foge. Só não foge quem não pode", afirmou.