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Filmes de heroínas são mal-feitos e focam na sexualidade, critica Johansson

Cleide Klock

Do UOL, em Manhattan Beach (Califórnia, EUA)

08/04/2014 05h00

Quando o diretor diz "ação", a Viúva Negra se joga dentro do carro, de arma em punho, no colo do Capitão América e ao lado de Falcão, que acelera. A cena se repete mais de dez vezes. A roupa justíssima destaca ainda mais as curvas e a cintura invejável, já os cabelos vermelhos deixam mais reluzentes a pele e os olhos claros.

A reportagem do UOL passou um dia nos estúdios Marvel durante as filmagens de "Capitão América 2: O Soldado Invernal" e encontrou uma das atrizes mais desejáveis do planeta. "Depois de três filmes ("Homem de Ferro 2" e "Os Vingadores"), agora me sinto muito mais confortável nesse papel. Acho que já perdi o medo", conta Scarlett Johansson.

A atriz diz que nesta sequência de "Capitão América" vai ser possível saber um um pouco mais da personagem, conhecida pelas falas fortes e sem meias palavras. "Tem sido divertido poder desvendar o seu passado e descobrir mais sobre a personalidade dela. A Viúva é tão cheia de disfarces e é emocionante revelar diferentes partes de sua vulnerabilidade. Ela não é só fria, ela é intrigante, há algo misterioso sobre ela que me atrai, e eu acho que isso é o que a faz ser mais interessante".

Super-heroínas

E inevitavelmente vem a pergunta: você gostaria de ver um filme só dela? "Com certeza seria possível, mas tudo depende da demanda: se os fãs estiverem interessados, acredito que saia."

Porém, a discussão vai além. Apesar de sabermos que os super-heróis (homens) são maioria nos quadrinhos --grande parte foi criada durante a Segunda Guerra Mundial, em uma época que o politicamente correto não estava em voga--  a próxima pergunta é: Por que você acha que, ainda hoje em dia, há tão poucos filmes com super-heroínas no papel principal?

"Acho que é porque, tradicionalmente, eles não são muito bem feitos e estão normalmente focados na sexualidade, que não é o que mais interessa num longa-metragem de super-herói. A personagem até pode ser sensual, mas precisa ser corajosa, colocar a mão na massa, ter mais um cenário 'La Femme Nikita' do que ser um monte de poses e roupas colantes como acontece com frequência. Na maioria das vezes, as mulheres são usadas em filmes de super-heróis como a donzela em perigo, e acredito ser difícil para os estúdios mudar esse conceito. Mas, tenho certeza que o público gostaria dessa mudança", diz a atriz.

Universo de Heróis

Johansson confessa que não cresceu acompanhando o mundo dos super-heróis nem lendo história em quadrinhos. Assistia apenas a algumas produções como as do Superman e o Batman do diretor Tim Burton. Mas lembra que era fã do Surfista Prateado, não pelos poderes que ele tinha, mas sim pelo visual cheio de charme. "Depois de fazer o 'Homem de Ferro 2', comecei a conhecer melhor essas histórias e o fato de fazer parte da família Marvel fez eu apreciar mais esse gênero".

De acordo com a atriz, as acrobacias e lutas também ficam mais fáceis a cada dia, mas exigem que ela entre no set super em forma, já que demanda muito esforço físico. O fato de ter saído de uma peça da Broadway direto para as filmagens a ajudou bastante. "Mas, o que eu faço não está nem perto do que Hugh Jackman se submete quando precisa interpretar Wolverine, ele sim que é um herói na vida real", cita Johansson.

Se antes eram "apenas" os marmanjos que eram fãs da atriz de corpo perfeito e voz mais do que sensual, agora há outra legião que a para quando a encontra na rua. "Eu definitivamente tenho um grupo muito mais variado de fãs agora do que antes, um público muito mais jovem. Depois de fazer a Viúva, as crianças me acham super legal. Apesar de que, sem o cabelo vermelho, nem me reconhecem", brinca.

E, mais um fã está a caminho: Scarlett está grávida de cinco meses do jornalista francês Romain Dauriac, seu noivo desde setembro de 2013. Mas mesmo assim começa a gravar "Os Vingadores 2" ainda em abril.