Fernanda Machado tentou fazer vítima mais interessante que vilão de Solano
Amanda Serra
Do UOL, em São Paulo
10/04/2014 06h00
Depois das vilanias de Leila de "Amor à Vida", Fernanda Machado dá vida agora à ingênua chef de cozinha Mariana no suspense dramático "Confia em Mim", que estreia nesta quinta-feira (10), em 250 salas dos cinemas brasileiros.
Intérprete de uma vítima no suspense nacional que também tem Mateus Solano no elenco, Fernanda teve como desafio fazer com que sua personagem fosse um pessoa interessante. “O tempo todo tive como desafio fazer com que o público ficasse do lado da Mari e não do Caio, que já era o golpista, sedutor, engraçado e ainda vivido pelo Mateus Solano", afirmou a atriz em entrevista ao UOL.
Ao contar a história de uma mulher inteligente que se apaixona e leva um golpe do amado, o diretor Michel Tikhomiroff explica que Mari não é uma “trouxa”, mas uma pessoa normal. “O filme é despretensioso e conta a trajetória de uma pessoa comum. As pessoas se identificam com ela. A intenção é que as pessoas torçam pela Mari”, disse Tikhomiroff, que se baseou em uma história real.
Primeiro longa do diretor da série “O Negócio” da HBO, “Confia em Mim” foi filmado em 2012, em Paulínia, no interior de São Paulo, e é protagonizada por Mateus Solano e Fernanda Machado, que trabalharam juntos no folhetim de Walcyr Carrasco. A trama exibe a história da chef de cozinha oprimida pelo chefe, que é seduzida pelo empreendedor Caio (Solano) e resolve montar o próprio restaurante.
Apaixonada, Mari acaba caindo em um golpe. “O que o Caio faz é o que eu faço, enganar as pessoas”, brincou Mateus ao explicar sua preparação para o filme.
Para dar vida à cozinheira, ela teve que participar de alguns workshops de culinária e por muitas vezes se feriu. “Queria aprender a cortar os alimentos rapidamente, para não usar dublê, e quase arranquei meu dedão”, contou a atriz. “Comemos muito”, brincou Mateus Solano, que interpreta o vilão Caio.
Após os papéis de coadjuvantes nos longas “Tropa de Elite” e “Amanhã Nunca Mais”, Fernanda comemora o fato de contar a história de uma menina, considerada por ela uma heroína. “É a primeira vez que faço cinema contando a história de uma menina. Já fiz cinema contando a história dos meninos, mas durante dois meses esqueci da Fernanda para viver a Mari”.
Embora cite como referências os filmes “Bastardos Inglórios”, de Tarantino, ou “Trapaça”, de David O. Russell, o filme de Michel, escrito por Fabio Danesi roteirista do seriado "Julie e os Fantasmas"), deixa a desejar quanto ao suspense propriamente dito. Com uma história semelhante a de um folhetim e contada pela visão da vítima, o fã de Tarantino, por exemplo, poderá sentir falta da emoção diante das cenas exibidas em 90 minutos.
O diretor assume sua inexperiência na temática suspense dramático. “É um gênero pouco explorado no Brasil. Tanto eu quanto o Fábio não tínhamos muita experiência nisso. Nós baseamos em roteiros dos seriados ‘Breaking Bad’ e ‘Família Soprano’. Não quis fazer uma coisa exibida. Quis colocar uma câmera e trabalhar com os atores na locação”, disse Michel.