Contradições de Getúlio Vargas atraíram Tony Ramos para cinebiografia
Fora do ar das novelas, o ator Tony Ramos se dedica a divulgar seu próximo filme, "Getúlio", que estreia no dia 1º de maio. Nesta segunda-feira (14), durante entrevista coletiva sobre o filme --que retrata os últimos dias de Getúlio Vargas--, Tony explicou o que lhe interessou na história do ex-presidente.
"Faz parte do cotidiano da discussão histórica. Todos sabem que ele era um ditador, mas o contraditório é o povo -- porque ele volta à presidência eleito pelo povo", diz. O ator de 66 anos guarda uma memória afetiva relacionada à morte de Vargas: quando o governante se suicidou, em 24 de agosto de 1954, a avó de Tony preparava um bolo para o aniversário dele, que fazia seis anos no dia seguinte.
Estreando na direção de um longa de ficção, o cineasta João Jardim ("Janela da Alma") diz que escolheu Tony para o papel pelas semelhanças de personalidade com o personagem. "Getúlio era um cara reservado e carismático, eu procurava alguém assim, e o diferencial do Tony era o talento. Ele faz tudo de forma brilhante".
O diretor aponta o ineditismo da história que conta em seu filme: "É uma história que completa 60 anos e que nunca tinha sido contada", ressalta. Jardim buscava uma ideia relacionada à formação do Brasil quando se deparou com a história, e levou sete anos para concluir o projeto, que custou pouco mais de R$ 6 milhões.
Para ele, o filme mostra a intimidade do poder. "Sempre achamos que quem está no poder manda. Mas não é bem assim, depende de outros", afirma.
Tony concorda que "Getúlio" mostra um lado do poder que é pouco visto. "O filme mostra os silêncios do poder", conta. O ator também diz esperar que o filme sirva para uma reflexão política.
Intérprete da filha de Getúlio, Alzira, Drica Moraes conta que a química com Tony foi construída no set, já que os atores não eram próximos antes do filme. "Foi muito comovente ver isso se construindo no fazer. O Tony é um ator que está presente o tempo todo e me conduziu".
O filme, que também tem Alexandre Borges no papel de Carlos Lacerda, deve estrear em 150 a 200 salas de cinema e não será transformado em minissérie, como tem acontecido com grande parte dos dramas históricos produzidos pelo cinema nacional.
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