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"Ganhei o Oscar no período mais solitário da vida", diz Kidman em Cannes

Thiago Stivaletti

Colaboração para o UOL, de Cannes

14/05/2014 09h28

Nicole Kidman apareceu linda na abertura do Festival de Cannes para defender sua versão de Grace Kelly em “Grace – A Princesa de Mônaco”. O filme abriu o festival envolto numa grande polêmica. A família real de Mônaco, incluindo os três filhos de Grace – o príncipe Albert, Stéphanie e Carolina – emitiram um comunicado condenando o filme, afirmando que “o filme não reflete a realidade e lamentam que sua história tenha sido alterada com filmes puramente comerciais”.

“Fico triste que a família de Grace tenha rejeitado o filme. Não tivemos malícia em relação a eles. Esta é uma ficção, não é uma biopic; precisamos tomar algumas licenças dramáticas. São seus pais retratados na tela, entendo que estejam buscando uma proteção da privacidade. Mas quero que eles saibam que minha performance foi feita com muito amor”, disse Nicole na entrevista coletiva. Ela brincou ao comparar sua vida com a de Grace: “Eu não me casei com um príncipe. Quer dizer, casei sim. Com um príncipe do country”, brincou, ao falar do marido Keith Urban.

“Grace: A Princesa de Mônaco” teve vaias e aplausos ao final da sessão para a imprensa. A plateia caiu na gargalhada em uma cena – Rainier está prestes a perder o controle de Mônaco quando Grace o consola: se tudo der errado, eles podem ir morar numa fazendinha em Montpellier, na França. Kidman dá o melhor de si no papel, e não se pode dizer que esteja ruim. Mas suas expressões são prejudicadas pelo tanto de plásticas e aplicações de botox que fez nos últimos anos. Também é preciso esquecer que ela tem 14 anos a mais do que Grace na época em que a história se passa – a princesa tem 32 anos na época em que a história se passa.

Entre os pontos mais polêmicos, o filme mostra a suposta traição da irmã de Rainier, a princesa Antoinette, que teria negociado com o presidente da França, Charles de Gaulle, pelas costas do príncipe. O diretor Olivier Dahan (de “Piaf”) também brigou bastante com o produtor Harvey Weinstein, que estaria mudando a montagem e o roteiro do filme para o lançamento americano.

O filme começa no momento em que Grace está abandonando Hollywood para se casar com o príncipe Rainier e tornar-se princesa. Hitchcock a visita em Mônaco para lhe oferecer o papel título de “Marnie: Confissões de uma Ladra” e a encontra infeliz. Ela aceita o papel, mas a possibilidade de voltar a Hollywood cria um grande incidente diplomático que agrava a crise entre Rainier e de Gaulle, quando este ameaça invadir o principado caso ele não pague impostos à França. Grace é obrigado a recusar o papel, declarar que nunca mais voltará a atuar em Hollywood e assumir de vez o papel de princesa para ajudar a resolver o conflito.

Nicole foi rápida ao responder se, como Grace, abandonaria a carreira pelo amor. “O amor é prioridade. Sim, eu poderia encontrar outra coisa para fazer na vida. Lembro que, no dia em que ganhei o Oscar, voltei para casa e não tinha nada. Foi o período mais solitário da minha vida. Sempre na minha vida, os meus altos momentos profissionais coincidiram com os baixos momentos pessoais. Mas enfim, quando você tem filhos, descobre que é capaz de morrer por alguém. E quando você tem isso, todas as suas perspectivas mudam”, declarou.

O diretor Olivier Dahan falou pouco na entrevista coletiva para não aumentar a polêmica. Mas garantiu que, ao contrário do que dizem os boatos, seu filme não terá duas versões, uma para os Estados Unidos e outra para o resto do mundo. “Só há uma versão do filme, e Harvey (Weinstein) vai lançar essa versão. Se houver alguma mudança a fazer, faremos juntos”, afirmou. O diretor também minimizou as diferenças físicas e de idade entre Nicole e Grace. “Com este filme, eu pude conectá-las não do ponto de vista físico, mas espiritual, emocional.”

“Grace: A Princesa de Mônaco” tem previsão de estreia em outubro no Brasil.


* Com agências internacionais