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Cineasta de vídeo contra Copa está no Brasil para fazer documentário

Carla  - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Trecho do vídeo postado por Carla Dauden, mostrando indignação com a Copa do Mundo no Brasil
Imagem: Reprodução/YouTube

Thays Almendra

Do UOL, em São Paulo

04/06/2014 07h00

Em junho do ano passado, ela ficou conhecida com a frase "No, I'm not going to the World Cup" ("Não, eu não vou para a Copa do Mundo"), em vídeos que fizeram sucesso no YouTube ao mostrar desabafos contra os problemas que o Mundial traria ao Brasil. Mas a cineasta Carla Dauden quebrou a promessa e já está no país. Segunda ela, sua vinda é para fazer um documentário como sequência de seus vídeos.

Carla deixou o Brasil há mais de quatro anos para estudar cinema em Los Angeles, nos Estados Unidos. Entre curtas-metragens e os estudos, ela decidiu fazer um desabafo na internet sobre os gastos bilionários do país com a Copa. A publicação do vídeo coincidiu com as manifestações de 2013 e chegou a ter mais de 4 milhões de visualizações.

De volta ao Brasil, Carla contou ao UOL que, depois dos vídeos, teve uma sensação de impotência, pois o "governo e a Fifa não tomaram medidas concretas e pontuais até agora". "A Copa vai acontecer, e como vamos fazê-la de uma forma mais justa com os brasileiros? A Copa tinha virado metade do meu dia, e chegou um momento que pensei que não podia ficar sem fazer nada. Cheguei à conclusão de que um documentário teria valor como algo histórico".

Com um dos objetivos de instigar uma discussão sobre as Olimpíadas 2016 --já que a finalização do longa está prevista para 2015--, a garota de 24 anos quer "mostrar a Copa na perspectiva dos brasileiros". "Entrevistamos desde o torcedor fanático, o vendedor ambulante até uma pessoa que foi removida de sua casa por causa das obras para a Copa", contou ela, que ainda acredita que boa parte das pessoas seja contra o Mundial por conta da forma equivocada de como o evento foi conduzido e por trazer consequências negativas ao país.

Carla enfatiza que só está fazendo o documentário porque ama o Brasil. "Diferentemente do que as pessoas pensam, eu não odeio o Brasil. Só fiz tudo isso até agora porque quero o melhor para o meu país. Para se ter uma ideia, eu não ganhei nada até agora. Nunca tive essa expectativa. O ganho está no impacto social da mensagem", afirma. "Eu sabia que viriam comentários negativos, mas, depois que eu lançar o documentário, as pessoas vão entender".

Cinema brasileiro

A cineasta tem o intuito de colocar seu documentário no circuito brasileiro de cinema. No entanto, até o momento não conseguiu patrocínio nem apoio de distribuidoras de filmes.

"Muitas pessoas já se interessaram pelo projeto, mas, por enquanto, não tem nada certo. Vou continuar fazendo. Só estou no começo do trabalho", explicou Carla, que diz admirar muito o cinema nacional. "O Brasil está crescendo muito no cinema. Pelo que vejo lá fora, a credibilidade está alta. E eu ainda quero fazer parte deste cenário um dia".