Topo

Público comportado decepciona em abertura da Copa no cinema

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

12/06/2014 22h22

Sem barulho de vuvuzelas, caxirolas e fogos de artifício, a exibição do jogo de abertura da Copa do Mundo do Brasil em um cinema da zona oeste de São Paulo foi um espetáculo um tanto morno para quem está acostumado com a efusividade da torcida brasileira em bares, estádios e churrascos familiares.

A opinião é dos próprios espectadores que pagaram R$ 40 na sessão que transmitia ao vivo, pela TV Globo, a partida em que o Brasil goleou a Croácia por 3 a 1. Nem em momentos emocionantes, quando a torcida do Itaquerão continuou a cantar o hino à capela, os espectadores fizeram coro.

A participação da torcida do cinema se limitava a aplausos durante dribles e a gritos de gol quando a equipe brasileira pontuava. Durante a partida toda, ouviu-se apenas um “vai cabelo” quando David Luiz fez uma de suas espetaculares jogadas. Não rolou nem um “Chupa, Croácia!”

O assistente fiscal Levi Costa, 23, e a analista de marketing Samara de Lima, 22, foram comemorar o dia dos namorados no cinema. “Eu queria mais muvuquinha, achei que o pessoa ia agitar mais, gritar”, disse o rapaz, que pretende ver outros jogos no cinema devido à qualidade da projeção, do som e do tamanho da tela. “Dá para ver os lances com detalhes.”

Já Samara disse ter se decepcionado. “Acho que o pessoal dessa região é mais comportado, acho que se fosse no shopping de Taboão ou de Itaquera, ia ser mais animado.”

O casal Nelson e Elizabeth Monteiro, ambos com 55 anos, foram ver pela primeira vez um jogo no cinema. Eles também elogiaram o serviço, mas acharam a plateia muito contida. “Foi bem comportado, né? Parece mesmo público de cinema, não de futebol. Parecia que eu estava vendo um videotape.”

A família da administradora Luciana Tomé da Cunha, 44, optou pelo cinema por sugestão do filho Rafael, de 9, que queria ver a cerimônia de abertura na tela grande. Ela e o marido, o advogado Valdemar Ribeiro, 64, são de Brasília e não iria poder acompanhar o jogo entre familiares. “Achamos a plateia bem contida para um jogo de futebol. E a cerimônia de abertura foi uma decepção. Aquele globo falhou, uma pena.”

Por fim, o administrador Patrick Degenhardt, 36, contou que optou por levar a filha Rafaela, 5, ao cinema por ser uma opção mais barata. “Não tinha ingresso e mesmo que tivesse estava muito caro. Mesmo assim, queria que fosse uma coisa inesquecível para ela.”

Esperta e super sincera, a menina disse que achou muito chato ficar esperando o início da cerimônia e que a parte mais legal foi quando derrubou seu suco ao comemorar um gol. Mesmo assim, tem dúvidas se a experiência será inesquecível. “Não sei. Se eu esquecer vou falar para o meu pai que esqueci.”