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"Foi como ganhar na loteria", diz produtor de "O Rei Leão" após 20 anos

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

24/06/2014 09h05

Após o sucesso inesperado de "A Bela e a Fera" e "Aladdin" nos anos 1990, a Disney vivia no início daquela década o seu mais salomônico dilema: com a equipe dividida, o estúdio decidiu investir simultaneamente em dois grandes projetos de animação.

De um lado, sua menina dos olhos, o romântico "Pocahontas", apresentado como uma espécie de "Romeu e Julieta" com índios norte-americanos e colonos ingleses. Do outro, "O Rei Leão", uma alegoria "experimental", com roteiro original e um emaranhado de referências --entre elas Shakespeare, "Bambi", Bíblia e até um mangá japonês--, e que parecia fadada ao fiasco.

Ciente dos riscos que poderia correr, o estúdio decidiu alocar para a história da índia que viveu o período da colonização dos Estados Unidos sua mais gabaritada equipe, incluindo os experientes artistas Glen Keane, Eric Goldberg e o produtor James Pentecost. Já o time B de "O Rei Leão" teve o comando do produtor Don Hahn (de "Uma Cilada para Roger Rabbit" e "A Bela e a Fera") e dos diretores Roger Allers e Rob Minkoff.

Um tanto desacreditados, estrearam comercialmente seu projeto no dia 24 de junho de 1994, há exatos 20 anos. E o resultado não poderia ter sido mais surpreendente. 

Equilibrando uma trama emotiva, repleta de aventura e com belos efeitos visuais --ainda na era das animações 2D--, a aventura do leão Simba na savana africana fechou o ano como o filme mais visto no mundo, deixando para trás os blockbusters "Forrest Gump", "O Máskara" e "Velocidade Máxima". Hoje, com seus relançamentos, o filme já se aproxima da casa de US$ 1 bilhão em bilheteria.

Trailer em português do filme "O Rei Leão"

Mina de ouro

Vinte anos depois, a história segue sendo explorada como franquia: além das sequências, das histórias em quadrinhos e de uma série animada, rendeu também uma bem-sucedida adaptação teatral na Broadway, apresentada no Brasil em 2013. Uma verdadeira mina de ouro.

"Se cada produtor ou diretor tivesse a chance de uma vez na vida participar de um filme como 'O Rei Leão', seria um imenso privilégio. Tenho muita sorte de ter um desses no meu currículo", disse Hahn em entrevista por telefone ao UOL

"Quando você está fazendo um filme desses, você nunca pensa que está fazendo um clássico, nem sequer algo que faça sucesso. Você apenas tenta fazer algo que venha do seu coração, algo que emocione a plateia. E, quando há um sucesso mundial como o que o filme teve, é como ganhar na loteria", disse Hahn.

São vários os números que levaram Hahn e a equipe do filme a faturar alto e levar o grande prêmio do cinema:

- Bilheteria de US$ 987,483,777: Orçado em módicos US$ 45 milhões, "O Rei Leão" registra hoje, após ser relançado em 3D em 2011, mais US$ 987 milhões em bilheteria. Pouco antes da revolução gráfica engatilhada por "Toy Story", o longa consolidou uma nova era das animações, que passaram a competir de igual para igual com os blockbusters do cinema. No Brasil, fez mais de 500 mil pagantes na estreia e 4,2 milhões no total.

- Número 1 em 1994: O filme repetiu o sucesso de "Aladdin", de 1992, e se tornou a segunda animação a terminar um ano como o filme mais visto do cinema norte-americano. Em todo o mundo, bateu "Forrest Gump", "True Lies", "O Máskara" e "Velocidade Máxima". Sendo a 19º melhor bilheteria da história, perde apenas para "Toy Story 3" (2010) e "Frozen - Uma Aventura Congelante" (2013) entre as animações.

- 600 profissionais: Apesar de ser uma espécie de time B da Disney, cerca de 600 profissionais, entre artistas, animadores e técnicos, participaram durante dois anos da produção de "O Rei Leão". Ao todo, mais de 1 milhão de desenhos foram criados para o filme, incluindo 1.197 pintados à mão e 119.058 quadros de filme coloridos individualmente.

- 55 milhões de cópias: Ainda na era pré-DVD, "O Rei Leão" se tornou o home vídeo mais vendido da história, com 55 milhões de cópias. Só no primeiro dia de vendas, 4,5 milhões de fitas VHS foram comercializadas.

- 10 milhões de discos: Composta por Elton John e Hans Zimmer com letras de Tim Rice, a trilha sonora do filme é a quinta mais vendida de todos os tempos e está no topo entre as animações. Perde apenas para "O Guarda-Costas" (16 milhões), "Viva a Música" (13 milhões), "Os Embalos de Sábado à Noite" (11 milhões) e "Dirty Dancing" (11 milhões). Faturou dois Oscars: melhor trilha sonora e canção original.

- 186 produtos licenciados: O lançamento de "O Rei Leão" foi acompanhado por uma extensa campanha de marketing, que incluiu parcerias com empresas como Burger King, Kodak e Nestlé. No total, 186 produtos oficiais foram licenciados. No Natal de 1994, a Disney chegou a faturar cerca US$ 1 bilhão apenas com o licenciamento dos produtos do filme.