Topo

Festival do Minuto dá prêmio de R$ 1.000 ao vídeo mais chato

Cena do vídeo "A Torneira", um dos concorrentes do Festival do Minuto Chato - Reprodução
Cena do vídeo "A Torneira", um dos concorrentes do Festival do Minuto Chato Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

14/07/2014 12h18

Uma torneira pingando, um “color bar” (aquelas listras coloridas que aparecem na TV quando a emissora está fora do ar) e um monte de imagens de chão são alguns exemplos do que é mostrado nos vídeos inscritos no Festival do Minuto Chato, um dos temas que neste ano fazem parte do Festival do Minuto. Concorrentes do mundo inteiro podem participar, basta fazer um vídeo com duração de até um minuto que seja chato ou que mostre algo que o autor considere chato. As inscrições vão até 30 de setembro, e o vídeo mais chato leva o Troféu Minuto. Fora isso, o que receber mais curtidas no Facebook ganha também R$ 1.000. 

Para o cineasta Marcelo Masagão, criador do Festival do Minuto, porém, não basta apenas o vídeo ser chato para levar o prêmio. “Tem que ser chato, mas tem que ter charme”, diz. “É uma brincadeira com essa coisa do chato, mesmo. Já temos uns 40 vídeos inscritos, e alguns são bem chatos”, ri. Todos os vídeos concorrentes podem ser vistos no site do festival

Masagão reforça que qualquer um pode participar do concurso, inclusive com vídeos feitos com celular. "Cerca de 80% das participações no Festival do Minuto são de iniciantes. O grosso é de estudantes de comunicação, mas também temos aposentados, amadores em geral."

O Festival do Minuto Chato, no entanto, não surgiu agora. Ele foi criado em 2010 pelos artistas Dora Longo Bahia e Lucas Bambozzi, durante o Festival de Arte Serrinha, que acontece em Bragança Paulista, interior de São Paulo. Quando soube de sua existência, Masagão resolveu incluí-lo em seu festival, que desde 2007 é dividido em vários temas ao longo do ano, distribuindo, no total, R$ 80 mil em prêmios aos vencedores.

“Tem que ser talentoso”

A artista plástica e audiovisual Dora Longo Bahia conta que a ideia original do Minuto Chato, na verdade, apareceu em 2009, durante uma oficina de vídeos realizada por ela na Nicarágua, e foi inspirada no professor de vídeo e artista visual chinês Matthew Ngui, que disse, certa vez, que quando seus alunos se esforçavam para fazer vídeos chatos, eles ficavam mais interessantes. “A partir disso, eu e meus alunos na Nicarágua fizemos o Festival do Minuto Aburrido”, conta. “É fácil fazer um vídeo chato de duas horas. Para fazer um vídeo chato de um minuto, tem que ser talentoso. E, além do mais, é mais fácil assistir a um vídeo chato que tenha só um minuto.”

Em 2010, ela e Lucas Bambozzi levaram a ideia ao Festival Serrinha. “Foi muito legal. Várias pessoas participaram do concurso. Se esforçaram muito”, diz a artista, que lembra que, na primeira edição, venceu um vídeo que mostrava uma menininha muito chata sentada em um balanço e falando sem parar. “Era chato e irritante demais”, diverte-se.

Segundo a artista, a intenção era mesmo fazer uma paródia do Festival do Minuto. Por isso, ela ficou surpresa quando um dos maiores e mais famosos festivais de vídeo do mundo decidiu adotar o Minuto Chato como tema. "De repente, ficou 'mainstream'!"

Entediante

Um dos curtas inscritos o Festival do Minuto Chato é “A Torneira”, de Leonardo Oliveira. Durante 45 segundos, ele mostra, com a câmera parada, uma torneira pingando água. “No começo, eu estava pensando em algo que pudesse ser entediante, uma câmera parada, sem nenhuma ação, então tive a ideia de uma torneira pingando”, diz o autor, que é da cidade de Quadra (interior de SP) e fez o vídeo com um celular. “Foi a ideia mais rápida e fácil que já tive.” Estudante de cinema, ele diz que, caso ganhe os R$ 1.000 do festival, pretende usar o dinheiro para produzir mais vídeos. Confira "A Torneira":

Outro concorrente no tema do Minuto Chato é George Augusto, de Manaus, com o vídeo “Neguinho do Arrocha”. Diferentemente de “A Torneira”, o curta, que tem exatamente um minuto, conta com atores e levou dois dias para ser filmado e outros dois para ser editado. Ele mostra um homem zangado que vai até uma banca de camelô atrás do DVD de um tal Neguinho do Arrocha. No final, descobrimos o motivo da raiva do sujeito.

Questionado se considera o seu vídeo chato, Augusto diz: “Aqui em Manaus todo curta de um minuto é considerado chato”. Realizador de várias oficinas de vídeo na cidade, o videomaker diz que contou com a ajuda de amigos de um grupo de teatro para fazer seu curta. “Aqui é assim. Um amigo ajuda o outro. Às vezes tem cachê. Em outras é só na amizade", diz. "O vídeo de um minuto é um grande exercício para se experimentar novas técnicas, novas concepções, novas formas de montagem, fotografia e roteiro”, conclui ele, que já participou do Festival do Minuto em outras edições. Veja abaixo "Neguinho do Arrocha":