Em novo "Transformers", destruição é levada a níveis ainda mais absurdos
Desde que assumiu, em 2007, a direção do primeiro dos quatro filmes da franquia "Transformers", Michael Bay tem conseguido tornar seguidamente mais absurda a série que ficou conhecida pela destruição, o patriotismo escancarado e as beldades se debruçando sobre carrões. A escala da destruição na telona se tornou tão forçada neste "A Era da Extinção" que nos convence de que Bay é realmente louco, mas que também sabe divertir.
"A Era da Extinção" parece saber que, no fundo, é um filme ruim, mas que não se importa com isso. Logo no início da trama, o dono de um cinema que está fechando as portas e prestes a encerrar as atividades reclama da quantidade de remakes e sequências feitas hoje em dia. Michael Bay também sabe ser irônico.
Ninguém espera sutileza quando vai assistir a "Transformers: A Era da Extinção" --afinal, é um filme com guerreiros robôs gigantes que montam robôs dinossauros mais gigantes ainda--, mas é difícil descrever o ataque aos sentidos que faz o filme. É, sim, um espetáculo que deixa qualquer um desnorteado --gostando do filme ou não.
A narrativa acompanha o inventor falido Cade Yeager (Mark Wahlberg), o comprador do caminhão que vai se revelar Optimus Prime, o líder dos autobots, os robôs bonzinhos da saga que ajudaram a humanidade e, agora, são caçados pelo governo. Cade logo se vê perseguido pelas autoridades e por um transformer misterioso chamado Lockdown. Junto a ele, além de Optimus Prime, segue sua filha Tessa (Nicola Peltz) --que aparece em cena apenas para desfilar de shortinho e servir de princesa a ser resgatada-- e o namorado dela, Shane (Jack Reynor).
No meio do caminho, eles descobrem uma conspiração envolvendo figurões da CIA e o dono de uma startup, que, por algum motivo, tem os direitos de fazer pesquisas com o material dos transformers, chamado de "transformium". Versão de Steve Jobs, o dono da empresa fica obcecado por construir uma versão melhorada dos transformers, revivendo o líder dos malignos decepticons. E é aí que tudo dá errado.
Se o roteiro parece confuso, é porque realmente o é. Em "A Era da Extinção", os diálogos surgem apenas para criar uma desculpa entre cada sessão explosiva de robôs gigantescos se enfrentando. É como um videoclipe de ação sem o desenvolvimento que vai culminar no clímax, mas o filme inteiro tenta ser um clímax de mais de duas horas e meia.
Por outro lado, é possível se divertir bastante. Depois de dizimar Chicago no filme anterior, Michael Bay destrói Hong Kong com requintes de crueldade, em uma batalha com robôs e humanos lado a lado. E, quando você acha que o diretor já destruiu tudo o que havia para ser destruído, eis que ele consegue colocar ainda mais inimigos em cena. Michael Bay não parece pensar em tomadas como cineastas comuns, mas em como encher cada centímetro quadrado da tela do cinema com caos e destruição.
Os robozões também são a escolha perfeita para a violência "segura" que os blockbusters de classificação etária de 13 anos de hoje precisa. Eles são desmembrados, têm os rostos derretidos e partes de corpos empilhadas como num bizarro holocausto cibernético. Marc Wahlberg encarna um herói de ação de forma mais convincente do que Shia LaBeouf, que seguia uma linha "sujeito normal" nos filmes anteriores da franquia.
"Transformers" é uma série interessante. Costuma ser detonada pelos críticos, mas vai sempre muito bem nas bilheterias. Com orçamento estimado em US$ 210 milhões, "A Era da Extinção" já arrecadou US$ 750 milhões mundialmente, com previsão de chegar a US$ 1,1 bilhão.
No fim, "Transformers: A Era da Extinção" é uma guerra entre seus olhos e seu cérebro. O filme não faz sentido, e o roteiro é cheio de buracos. Para se divertir, você precisa deixar o bom senso na porta do cinema e curtir a escala insana de destruição que o longa tem a oferecer.
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