Diretora surpreende em Paulína com mistura entre terror e comédia musical
Após estrear com o longa-metragem "Trabalhar Cansa", dirigido em parceria com Marco Dutra, na edição de 2011 do Festival de Paulínia, a diretora Juliana Roja voltou neste ano ao evento com o primeiro longa-metragem que dirige sozinha, "Sinfonia da Necrópole". O filme foi exibido na noite desta quarta-feira (23), a primeira da competição, e não apenas surpreendeu o público, como subverteu gêneros ao apresentar um musical macabro.
O burburinho em cima do novo trabalho começou logo na abertura do festival, na terça-feira (22). "Vocês nunca viram um filme como este", dizia o curador do Festival de Paulínia, Rubens Edwald Filho, antes da exibição.
Rodado em 21 dias, "Sinfonia da Necrópole" é um musical que se passa no cemitério do Araçá, em São Paulo. O filme mostra a rotina de Deodato, aprendiz de coveiro que passa a trabalhar com uma nova funcionária. Juntos, os dois têm que fazer o recadastramento dos túmulos abandonados. Os personagens --do ótimo diretor do cemitério, vivido por Hugo Villavicenzio, a até mesmo dois coveiros de verdade que fazem ponta no filme-- cantam e dançam como se isso fosse uma extensão de suas intenções e seus sentimentos.
Gargalhadas na sessão
O que poderia ser obscuro e pesado mostrou-se hilário. O humor simples, em tom de farsa, agradou em cheio o público e o júri. A sessão foi marcada por gargalhadas, apesar de a programação ter atrasado duas horas.
Rojas conta que o tom de farsa do filme surgiu durante os ensaios entre os atores. "Houve uma inspiração na obra de [o dramaturgo alemão Bertolt] Brecht, mas também tem um pouco dos desenhos da Disney. Eu já tinha esse argumento na época da faculdade, e a música surgiu como parte da narrativa", explica.
Escritas por Rojas e o parceiro Marco Dutra, as canções foram gravadas antes pelos atores e dubladas durante as filmagens. Deodato, com a interpretação tocante de Eduardo Gomes, e Luciana Paes, como a funcionária eficaz, têm uma química de clown, que não cai na caricatura e reforça o tom de inadequação dos personagem principais no mundo dos vivos. "Ele não sabe lidar com várias questões internamente. Acho que busquei no clown, no palhaço, o maior condutor dessa inquietude", conta Gomes sobre a sua atuação.
Temática social
Vizinha do cemitério do Araçá, em São Paulo, onde foi gravada a maior parte das cenas, Rojas conta que gosta de passear no local por conta da atmosfera de paz que ele possui, mas nega que haja qualquer questão pessoal no longa. Assim como "Trabalhar Cansa" versava sobre o precarização do trabalho, a temática social é retomada em "Sinfonia", só que em tom de terror. O cemitério, que precisa achar espaço para os novos mortos, é um microcosmo de metrópoles como São Paulo.
"Tem essa questão do processo de urbanização. No cemitério você vê diferenças sociais que são análogas às cidades, como o processo de urbanização, da divisão de classes", explica a diretora.
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