Diretora de "Boa Sorte" não se recusa pegar carona no sucesso de "A Culpa"
É possível dizer que “Boa Sorte”, dirigido por Carolina Jabor e estrelado por Deborah Secco, é um “A Culpa É das Estrelas” brasileiro, mas com usuários de drogas. Enquanto o filme norte-americano baseado na obra do escritor John Green mostra o romance entre dois jovens que enfrentam o câncer e se conhecem em um grupo de apoio, o longa brasileiro traz um adolescente que se apaixona por uma jovem soropositiva e usuária de drogas que encontra numa clínica psiquiátrica.
No Festival de Paulínia, onde o filme foi exibido nesta quinta-feira e emocionou o público, a diretora contou que não assistiu a "A Culpa É das Estrelas". Carolina afirma que buscou inspiração em filmes independentes, cineastas novos e no trabalho da própria diretora de fotografia de “Boa Sorte”, a uruguaia Bárbara Alvarez, responsável por filmes como o uruguaio "Whisky" (2004) e o argentino "A Mulher sem Cabeça" (2008).
A cineasta, no entanto, não se recusa a pegar carona no sucesso da adaptação do livro de John Green. “Eu não assisti. Me falaram do filme, que havia estourado. Mas, se metade do público que viu esse filme for ver o nosso também, ficarei muito feliz”.
Carolina também comenta o fato de Deborah Secco ter descoberto o seu telefone e ligado para ela insistentemente para conseguir o papel da portadora de HIV Judite. “Ela estava obstinada. Falei que, se esse projeto não desse certo, poderíamos pensar em outro, mas ela dizia: ‘não, não, esse vai dar certo’. Na leitura [do roteiro] com ela, falei: ‘é isso’. A Judite precisa dessa vibração de vida”, conta a cineasta.
Seguindo ela, não houve exigência para que Deborah emagrecesse 11 kg por causa do papel. Isso foi ideia da própria atriz. “Para mim nem precisaria de tanto. Mas ela veio com essa ideia fixa”, conta Carolina.
Mudança de rumo
Deborah Secco foi a sensação do segundo dia da competição no Festival de Paulínia. Por onde ela andava, uma multidão a seguia em busca de uma selfie ou apenas para gritar o quão bonita ela é pessoalmente. Após a exibição de “Boa Sorte”, a atriz fez um verdadeiro desabafo sobre o efeito que a personagem do filme teve sobre sua vida pessoal e profissional.
Segundo a atriz, que nunca havia atuado em um papel tão denso, ela precisou se sentar com os pais e explicar os novos rumos de sua carreira. “Eu comecei muito jovem, e é muito difícil você escolher o caminho a seguir, escolher os papéis que quer fazer. Tive a sorte de ter uma carreira e estabilidade financeira, mas sempre quis fazer algo mais autoral, embora meus pais sempre dependessem de mim. Tive uma conversa com eles que foi reveladora. Eu disse que eles poderiam estranhar essas escolhas e que poderíamos perder algumas coisas.”
Ela, no entanto, garante que não se arrepende dos seus trabalhos anteriores na TV. Apenas sentia a necessidade de se arriscar em algo novo. “Mesmo que eu fique um pouco distante [da televisão], mesmo que eu perca dinheiro, eu quero viver me pondo no risco, eu quero perder o sono.”
A admiração pela personagem e pelo conto “Frontal com Fanta”, escrito pelo cineasta Jorge Furtado --que assina o roteiro com o filho Pedro-- e que inspirou o filme, teve outras motivações. “É louco porque, diferente de outros atores, eu gosto de comédia romântica, e meus filmes favoritos são ‘Uma Linda Mulher’, ‘Ghost’”, contou ao UOL.
A garota romântica, sempre à procura do arrebatamento em uma relação, falou mais alto. “Queria contar a história desse amor impossível, que transforma, em que eu passei minha vida inteira acreditando.” “Boa Sorte” tem estreia prevista para outubro.
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