Paulínia é o festival de cinema que dá maior prêmio no país; conheça outros
Depois de três anos sem incentivo público, o Festival de Cinema de Paulínia volta à ativa nesta terça-feira (22) e abre o caminho para as edições de 2014 dos principais festivais do Brasil: Gramado, Brasília, Rio e Mostra Internacional de São Paulo. A pedido do UOL, a produtora Sara Silveira ("É Proibido Fumar"), e os diretores Juliana Rojas ("Trabalhar Cansa") e Fernando Coimbra ("O Lobo Atrás da Porta") falaram das diferenças e importância de cada um deles.
À frente de outros filmes de destaque em festivais, como "Durval Discos" (2002) e "Cinema, Aspirina e Urubus" (2005), Sara Silveira, um rosto conhecido da maioria dos eventos do gênero no país, afirmou que, de uma maneira geral, os festivais são uma pequena plataforma para exibição dos filmes. "Ser selecionado pode ajudar na repercussão do filme, principalmente se a produção for premiada. Os prêmios são carimbos para o filme", disse ela.
Sara diz, no entanto, que, apesar de importantes, prêmios não são garantia de público. "O espectador não estará na sala porque o filme tem prêmio, mas é um atrativo a mais, sem dúvida". Premiado em Miami, Rio, Havana e San Sebastián por "O Lobo Atrás da Porta", o diretor Fernando Coimbra tem discurso parecido. "Claro que ser premiado gera um interesse maior, mas só isso não garante público. Até porque o público de festivais costuma ser mais alternativo."
Prêmios em dinheiro
Paulínia:
Maior prêmio: R$ 300 mil
Menor prêmio: R$ 15 mil
Total: R$ 800 mil
Brasília:
Maior prêmio: R$ 250 mil
Menor prêmio: R$ 10 mil
Total: R$ 625
Gramado:
Maior prêmio: R$ 65 mil
Menor prêmio: R$ 5 mil
Total: R$ 275 mil
Premiação
Se os "carimbos" de festivais são um atrativo para o espectador, a premiação em dinheiro pode de fato ajudar a colocar o filme nas salas, já que pode ser direcionada à distribuição e à divulgação.
Nesse quesito, os festivais de Brasília e Paulínia saem na frente. Só entre longas-metragens, Brasília distribui R$ 470 mil, reservando R$ 250 mil para o melhor longa da competição. Paulínia volta este ano oferecendo R$ 300 mil para o melhor filme. Já Gramado oferece R$ 65 mil para o vencedor, distribuindo R$ 275 mil no total.
Apesar de o Festival de Gramado não se destacar na premiação em dinheiro, a produtora e os diretores ouvidos pelo UOL dizem que ele, ao lado do Festival de Brasília, é muito importante devido à sua tradição.
A diretora Juliana Rojas ressalta que, além do prêmio em dinheiro, o fato de o Festival de Gramado ser tradicional atrai mais a imprensa e, consequentemente, o público. "Para a gente que trabalha com pouca verba de lançamento, a grande participação do público é essencial, pois gera mídia espontânea, além criar um boca a boca", disse Juliana.
Com seu novo longa, "Sinfonia da Necrópole", Rojas foi selecionada para os festivais de Paulínia e Gramado deste ano. "Como meu filme ficou pronto agora, inscrevemos em Paulínia e Gramado, que vêm antes no calendário", disse ela.
Diferenças
Em comum, Brasília e Gramado têm a tradição, mas apresentam diferenças importantes. Segundo Sara, Brasília tem naturalmente uma inclinação política mais forte. "Por estar do lado do Palácio do Planalto, ali dá para gritar mais forte", disse ela. Já Gramado, afirma, tem uma tradição de trazer uma programação mais "afável" ao público, por conta da vocação turística da cidade.
Para Sara, o tradicional tapete vermelho de Gramado também pode influenciar na programação, já que o glamour em torno da festa pode privilegiar mais atores do que as produções. No entanto, segundo ela, o festival vem se esforçando para manter a tradição e, ao mesmo tempo, privilegiar o cinema mais autoral.
Paulínia
Paulínia não tem a tradição de Brasília e Gramado, mas Sara, Rojas e Coimbra concordam que é um evento que cresceu rapidamente em apenas quatro edições, de 2008 e 2011. Em 2012, a prefeitura da cidade cancelou o festival, alegando que os R$ 10 milhões investidos nele seriam direcionados para áreas como educação, habitação, saúde e programas ambientais.
Sara comemora a volta do festival e destaca o foco de Paulínia na formação de profissionais, já que a cidade também conta com um polo cinematográfico com equipamentos e estúdios. "Formação é essencial, do futebol ao cinema. Com a pausa, esse trabalho dispersou. Agora é começar outra vez e incluir a comunidade local nele."
A produtora ainda mencionou as consequências de se interromper um trabalho de formação. "A pausa em Paulínia foi ruim porque quebra a cadeia."
Caráter internacional
Fernando Coimbra ainda apontou a importância da Mostra de São Paulo e do Festival do Rio para que o filme alcance um visibilidade internacional. "Jornalistas e curadores de festivais em outros países comparecem em peso nesses dois eventos. Muita gente que estreia neles acaba sendo selecionado para outros eventos".
Juliana Rojas e Sara Silveira também exaltaram a diversidade e a quantidade de festivais no Brasil. "Tem outros festivais de bastante expressividade, como o de Tiradentes, o de Recife... O Brasil é diverso, e nossos festivais representam isso. Tem festival de tudo quanto é tipo. É só saber adequar o filme a eles", diz Sara. Coimbra concorda: "Acho importante ter um pouco de tudo. Como nossa produção é muito grande, isso é bom, porque dá espaço para mais filmes serem exibidos".
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