Com brilho e perrengues, transformistas vêem sua arte na tela em Paulínia
Plumas, vestidos espalhafatosos, maquiagem carregada e muita dublagem. Transformistas e drag queens se espalharam na tela do Festival de Paulínia, que acontece até domingo (27), e ganham uma visão direta e honesta desse mundo particular da cena cultural gay. Um desses personagens, o portoalegrense João Carlos Castanha, ator de "Castanha, afirma que já era sem tempo o surgimento dessa cena no cinema. "É ótimo mostrar gays. Antes éramos tratados apenas como personagens de 'A Praça é Nossa'", disse ao UOL.
Conhecido no underground da capital gaúcha, Castanha se transveste há 32 anos, na cena LGBT da cidade. O filme de Davi Pretto, sobre sua vida, é um híbrido entre ficção e documentário. O ator reencena sua vida com elementos ficcionais e tem ao lado sua mãe -- na tela e na vida real --, Celina.
Exibido no último Festival de Berlim, "Castanha"é denso e mostra as dificuldades do artista em se apresentar, ganhar dinheiro e lidar com os problemas familiares. "Quando assisti ao filme pela primeira vez em Berlim, desandei em lágrimas. Lembro quando o Davi disse que queria fazer um filme sobre minha vida, eu perguntei: Por que? Minha vida é tão comum. É a vida de quem se desdobra em 30 pessoas para viver de arte".
A arte de se "montar" é ensinada no curta "Jessy", dos diretores baianos Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge, exibido no primeiro dia do Festival de Paulínia, na quarta-feira (23). A própria Lice é o dispositivo do filme para entender a arte das drag queens baianas, "Meu sonho era ser uma transformista. Eu sempre tive muita admiração por essa arte, que é feita em um palco pequeno, tudo bem mambembe", contou. "Minha diva é a Elka Maravilha, uma mulher drag".
Sob o nome de Jéssica Cristopherry, ela aprende a se "montar" com as drags no Beco dos Artistas, tradicional reduto underground no bairro do Garcia, em Salvador. Há a maquiagem carregada, cílios postiços longuíssimos e uma técnica específica para a dublagem das músicas. A espontaneidade criativa se passa com leveza e humor. Com adolescentes da cidade de Paulínia na plateia, o curta rendeu gargalhadas.
"Eu acho que não somos educados para a cultura da diversidade, só para os padrões normativos da sexualidade. O filme cria empatia em ver um objeto de manipulação. O próprio humor é uma estratégia para atingir as pessoas", observa Lice à reportagem.
Em busca do resgate do glamour da arte, o curta "O Clube", exibido na sexta-feira, comemora os 53 anos de existência do Turma OK, espécie de confraria gay no centro do Rio de Janeiro, onde transformista se apresentam em um ambiente familiar. A equipe defendeu o resgate da família na cena e no cinema para ajudar na aceitação dos homossexuais.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.