"Senti o espírito de Robin Williams", diz Jeff Bridges após morte do ator
Eduardo Graça
Do UOL, em Nova York
12/08/2014 16h46
Amigo e colega de elenco de Robin Williams em "O Pescador de Ilusões" (1991), Jeff Bridges disse que a morte do ator, na segunda-feira (11), despertou nele uma série de lembranças. E justamente no momento em que promove o filme "O Doador de Memórias", um projeto relacionado à importância de se manter vivas memórias, mesmo as mais dolorosas, e emoções.
"Eu apenas quero registrar a completitude da vida, as alegrias, as tristezas, que estão nos aguardando a todos. Estou repleto de vida hoje ao saber da morte de meu querido amigo Robin", disse ele, visivelmente emocionado, durante encontro com jornalistas nesta terça-feira, em Nova York, do qual o UOL participou.
Bridge e Williams foram colegas de elenco em "O Pescador de Ilusões", dirigido por Terry Gilliam em 1991. Na ocasião, Williams foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas o vencedor foi Anthony Hopkins, por "O Silêncio dos Inocentes".
"Ontem à noite foi difícil parir um filho tão querido como 'O Doador de Memórias', passar pelo tapete vermelho, ao mesmo tempo em que recebia as notícias da morte de meu querido amigo. De noite, na festa que tivemos no restaurante da Boathouse do Central Park, estava conversando com minha mulher quando vi um vulto. 'Meu Deus, é o Robin? É seu fantasma?' Mas não, era o Radioman", contou.
O Radioman foi uma figura constante na fauna urbana nova-iorquina da década de 1990 e assíduo frequentador de sets de filmagens, que teria inspirado o personagem Parry, interpretado por Williams, em "O Pescador de Ilusões". Williams e Radioman começaram a se falar, e Bridges também passou a se relacionar ocasionalmente com o pescador de ilusões da vida real.
"O encontro com Radioman me trouxe de volta esta sensação maravilhosa do tempo fantástico que dividimos, eu e Robin, aqui em Nova York, durante as filmagens de 'O Pescador'", disse ele. "Lembro que Radioman não conseguia acreditar que o personagem do Robin existia de fato, que estava sendo imortalizado no cinema. Então, ontem, eu tive que abraçar Radioman, olhá-lo de perto, ver bem o seu rosto. Eu senti o espírito de Robin, assim como sinto ele aqui neste momento, neste salão de hotel, ao nosso lado", contou Bridges.
"Agora há pouco, antes de descer para encontrar vocês, olhei pela janela de meu quarto, vi o Central Park, que é minha paisagem favorita na cidade, e me lembrei da cena em que eu e Robin protagonizamos, ali embaixo, às 4h da madrugada. Nós dois, nus, pelados, e Robin completamente selvagem e livre. Ele dizia: 'Deixe o pônei selvagem dançar'. Ele rebolava a bunda na grama e dizia: 'Você sabe por que cães fazem isso? Porque eles podem'. Eu tinha que dividir isso com vocês porque é o que está mais intensamente em minha cabeça agora. Sinto tanta falta dele, e tenho certeza de que vocês também sentem. Que presente da vida Robin Williams foi para nós", finalizou Bridges, emocionado.