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"Um filme é um ato de fé", diz ator mexicano Gael García Bernal

Alice Braga e Gael García Bernal em cena do filme argentino "El Ardor", de Pablo Fendrik - Reprodução
Alice Braga e Gael García Bernal em cena do filme argentino "El Ardor", de Pablo Fendrik Imagem: Reprodução

Pablo O. Scholz

Do "Clarín"

08/09/2014 10h39

Ator e produtor de “El Ardor”, que estreou em Buenos Aires após ter sido apresentado em Cannes e que conta com Alice Braga no elenco, Gael García Bernal conta por que assumiu esses papéis. Recentemente separado da atriz argentina Dolores Fonzi, ele disse que fazer um filme é “um ato de fé que vale a pena, para que, se Deus quiser, transcender”.

Faz tanto tempo que Gael mora na Argentina que por mais que viaje para filmar ou para visitar sua família no México, o sotaque mexicano só escapa de sua boca de vez em quando.

Gael é um cara simples. Não tem nada de divo, apesar de o ator de "Amores Brutos" e de "E Sua Mãe Também" trabalhar com grandes nomes do cinema internacional, porque já faz parte do firmamento de Hollywood e também participa do cinema de autor.

Neste ano, em Cannes, ele foi membro do júri, por isso 'El Ardor', que já estreou na Argentina, não concorreu à Palma de Ouro e participou de uma exibição especial dentro da seleção oficial do festival mais importante do mundo.

Na escala em Paris, antes de pegar o avião para Nice, Gael era mais um passageiro. Talvez seus óculos o escondessem um pouco, mas ninguém o seguia nem o incomodava. Sua chegada a Nice foi diferente. Por pouco os paparazzi não foram atropelados pelo carro oficial que foi recebê-lo para levá-lo a Cannes.

Gael não esteve na estreia argentina de "El Ardor" porque viajou entre os festivais de Telluride e Toronto e depois a Nova York, para participar na minissérie da Amazon, "Mozart In the Jungle". “Já fizemos o programa piloto, vai demorar dois meses. É em inglês e em vários idiomas, porque fala sobre o mundo da música clássica. Vai ter gente falando russo, alemão e italiano. Vamos filmar na Filarmônica de Nova York".

Como foi participar do júri de Cannes?

Entrei nessa espécie de turbilhão de conforto em condição de realeza e é difícil se desacostumar depois de ver dois filmes por dia. Mas quando presidi o júri da Câmara de Ouro (em Cannes, o prêmio para as obras-primas de todo o festival) eram quatro por dia. Assisti a filmes muito bons, não terminei tão cansado como das outras vezes.

O que foi que levou você a querer ser o produtor de 'El Ardor'?

Foi uma consequência sintomática do meu envolvimento com (o diretor) Pablo Fendrik, da minha amizade com ele. Eu o conheci há seis ou sete anos na Semana da Crítica, em Cannes. Ele estava com 'El asaltante', fizemos amizade imediatamente e aos poucos a discussão foi me levando para ser algo mais que o protagonista. E de repente estava me metendo no financiamento e fiz força para levá-lo adiante.

Foi muito natural, foi muito gostoso trabalhar, a interação foi linda. Tivemos pouco tempo, mas passamos muitos bons momentos, sentíamos que podíamos, não estávamos saturados, não foi uma rodagem em que você diz 'chega!'.

Foram quantas semanas de filmagem?

Cinco em Misiones e mais uma em Buenos Aires, em Ezeiza.

O que tornou a filmagem complicada?

A exercitação do meu corpo e dos meus músculos me divertia, não era complicado e é o mínimo que a gente pode fazer. O complicado eram os mosquitos. Tinha muitos. E pulguinhas. Mas são os ossos do ofício, a gente tem que aguentar e seguir em frente.

O que é essa definição de “western xamânico” dada ao filme?

Para não ficar enquadrado, nem ter decepções metafísico-ecologistas... é para confundir o inimigo, não sei que porra significa isso.