Festival de Brasília começa hoje com não-atores e homenagem a Coutinho
O festival de Brasília, o mais antigo do país, inicia sua 47ª edição nesta terça-feira (16) retornando ao formato tradicional, com documentários e ficções competindo juntos. A separação, adotada nos últimos três anos, foi abandonada depois que os organizadores receberam muitas críticas de profissionais e do público.
Os dois documentários na competição, "Branco Sai. Preto Fica" e "Sem Pena", vão tocar em temas polêmicos e em evidência atualmente, como o preconceito racial e a morosidade do sistema penal. Já o longa de ficção "Ventos de Agosto" narra um duelo entre a vida e a morte, a perda e a memória, o vento e o mar. A estreia de Gabriel Mascaro ("Doméstica") foi o único filme brasileiro a ser selecionado para a competição do Festival de Locarno deste ano, de onde saiu com uma menção honrosa.
"Ventos de Agosto" trabalha com os não-atores Geová Manoel dos Santos, Dandara de Morais. O mesmo acontece em "Ela Volta na Quinta", de André Novais Oliveira, que usou os pais como atores para falar de uma crise familiar. Há muito de realidade no filme, mas Oliveira roteirizou a história como ficção, que também traz seu irmão e a cunhada.
Já "Brasil S/A" conta a história de um cortador de cana que se envolve em sua primeira missão espacial. Fechando a lista da competição de longas, há também "Pingo D´Água", que traz a viagem como busca de outra identidade.
Na abertura será exibido uma cópia restaurada de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, que faz 50 anos em 2014. A homenagem contará com a presença de Paloma Rocha e Henrique Cavalheiro, filhos do diretor, falecido em 1981, e do ator Othon Bastos, que vive o cangaceiro Corisco no filme.
Golpe Militar e resistênca na tela
O Festival também trará mostras paralelas e debates que relembram os 50 anos do Golpe Militar, em 1964. A mostra Reflexos do Golpe traz longas realizados sob ameaça e impacto do golpe com objetivo analisar a função do cinema na percepção e produção da história de um país. Entre os filmes estão "O Caso dos Irmãos Naves" (1967), de Luiz Sérgio Person, e "Macunaíma" (1969), de Joaquim Pedro de Andrade.
Já a mostra Luta na Tela apresenta filmes – feitos entre 1998 e 2011— que atualizam o debate com histórias e personagens, reais ou fictícios, que de maneira direta ou sutil remontam a Ditadura, em especial aos anos de chumbo. Estão na programação "Cabra Cega" (2005), de Toni Venturi e "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" (2006), de Cao Hamburguer. O Festival de Brasília também sofreu as consequências da ditadura. Em 1972, 73 e 74, o evento foi interrompido por conta da censura.
Mostra Eduardo Coutinho
O cineasta, morto em fevereiro deste ano, ganha uma mostra com curadoria do cineasta Vladimir Carvalho. Serão exibidos alguns dos filmes mais prestigiados de Coutinho, que revelam o olhar sensível e humanista do diretor, como "Santo Forte" (1998), "Edifício Master" (2002) e "As Canções" (2011). Milton Ohata também lançará durante o Festival a 2ª edição do livro "Eduardo Coutinho".
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