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"País quer discutir diversidade", diz diretor indicado pelo Brasil ao Oscar

Guilherme Solari e Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

18/09/2014 11h20

O diretor Daniel Ribeiro do filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", longa selecionado pelo Brasil para representar o país no Oscar 2015, disse que está honrado pela escolha do filme e que a indicação aparece em um momento em que o Brasil quer discutir questões de diversidade, em especial sobre o movimento LGBT.

Cineasta Daniel Ribeiro, diretor de "Hoje eu Quero Voltar Sozinho", selecionado para representar o Brasil no Oscar 2015 - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Cineasta Daniel Ribeiro, diretor de "Hoje eu Quero Voltar Sozinho", selecionado para representar o Brasil no Oscar 2015
Imagem: Reprodução/Facebook

"Ainda não estou acreditando que é verdade. Eu estou na Austrália e meio perdido sobre o que está acontecendo", disse o diretor ao UOL. "Soube há pouco da notícia pelos amigos no Brasil. Fico muito feliz. É uma honra de ser selecionado entre tantos filmes bons".

"O Brasil vive um momento muito histórico com discussões sobre diversidade. Parece ser um momento no que o Brasil quer tocar nessa temática", continuou Ribeiro. "E acho que coincidiu essa escolha para o filme que nos representa".

A produtora Diana Almeida estava na Cinemateca Brasileira, onde foi feito o anúncio, e contou que o filme será lançado em Nova York e Los Angeles no dia 7 de novembro, com possibilidades, agora reais, de estender para mais 30 cidades americanas.

Para ela, o tema do filme, sobre a descoberta da sexualidade de um adolescente cego, é simbólico neste momento. "Acho maravilhoso essa escolha em um momento que as questões LGBT estão sendo discutidas na campanha eleitoral. É muito simbólico", disse ao UOL. Sobre a possibilidade do filme ajudar no combate à homofobia, disse: "é muita pretensão dizer que sim, mas sim, eu espero isso".

"O filme tem um estilo mais clássico, até meio careta, e foi uma visão do Daniel para contar essa história diferente. A estrutura do filme acabou aproximando o público da história", contou sobre o longa que demorou 4 anos e meio para ser feito.

"Quando se tem três filmes com esse tema [LGBT], não dá para virar as costas", disse o cineasta Jefferson De, um dos membros da comissão que escolheu o filme, sobre os concorrentes "Praia do Futuro" e "Tatuagem". "É nosso recado pra Academia: o Brasil também é isso".

"Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" conta a história de Leonardo, um garoto cego de 15 anos, interpretado por Guilherme Lobo, que procura ser independente em uma sociedade super-protetora. O jovem estudante do ensino médio se apaixona pelo amigo Gabriel, ao mesmo tempo em que desperta sentimentos pela colega Giovana.

Além de "Hoje eu Quero Voltar Sozinho", os últimos filmes brasileiros selecionados a concorrer à indicação foram "O Som ao Redor", "O Palhaço" (2013), de Selton Mello; Tropa de Elite 2: o Inimigo agora É Outro" (2012), de José Padilha; "Lula, o filho do Brasil" (2011), de Fábio Barreto; "Salve Geral" (2010), de Sérgio Rezende.