Há dez anos o cinema perdia Christopher Reeve, seu melhor Superman
Christopher Reeve tinha sina de herói. O material de divulgação de "Superman, o Filme", em 1978, prometia: "Você vai acreditar que um homem pode voar". E os mais de US$ 300 milhões arrecadados nas bilheterias mundiais provam que o espectador acreditou.
As razões para esse sucesso foram muitas: o talento do diretor Richard Donner, o roteiro do mesmo Mario Puzo de "O Poderoso Chefão", os efeitos especiais revolucionários para a época, a própria natureza icônica do personagem. Mas um elemento foi decisivo nesta trajetória: o carisma do protagonista.
O Superman de Christopher Reeve pegou o mundo de surpresa. A combinação entre a inocência e o humor de Clark Kent e a condição de herói clássico que o ator ajudou a desenhar para o personagem fisgaram o espectador.
Mais de 20 anos antes dos filmes de super-heróis virarem febre --e um dos pilares da indústria cinematográfica--, Christopher Reeve já havia interpretado o maior de todos eles. Do alto de seu 1,93m, o ator, formado pela prestigiada Juilliard School of Performing Arts, virou um astro da noite para o dia. Ganhou até o Bafta, o Oscar inglês, de revelação.
O sucesso não impediu o ator de buscar filmes que o desafiassem: foi o herói romântico de "Em Algum Lugar do Passado" (1980), dividiu a tela com Michael Caine no suspense "Armadilha Mortal" (1982), viveu um padre em "Monsenhor" (1982). Tudo no auge da fama como homem de aço.
O terceiro filme do Superman, de 1983, muito mais uma comédia do que um filme de super-herói, já não fez tanto barulho e o quarto, abominável, encerrou e enterrou a série por um bom tempo, liberando Reeve para outros trabalhos, mais discretos, muitos para a televisão.
Em 1995, uma queda de cavalo deixou o ator tetraplégico, mas Christopher Reeve estava destinado a virar um herói da vida real. Numa cadeira de rodas, passou anos lutando pelas pesquisas com células-tronco. Em sua aparição na festa do Oscar, um ano depois do acidente, foi aplaudido de pé por mais de um minuto e levou muitas estrelas de Hollywood às lágrimas.
Continuou a dirigir e aparecer em filmes, como uma refilmagem para a TV do clássico de Alfred Hitchcock, "Janela Indiscreta". Resistiu por nove anos, antes de morrer, aos 52, no dia 10 de outubro de 2004, de uma parada cardíaca.
Saía de cena o último grande herói do cinema, o melhor de todos os Supermans que já chegaram às telas, o homem que inspirou gerações e que fez o mundo acreditar que um homem poderia voar.
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