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"Nunca fui humorista e não pretendo ser", diz Iozzi, de volta à atuação

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

22/10/2014 06h00

Em uma pesquisa rápida no Google é possível ver milhares de referências a Monica Iozzi como apresentadora, jornalista, humorista, mas há pouco mais de 400 resultados para atriz, profissão para a qual pegou o diploma em 2005 e agora batalha para se consolidar depois de quatro anos vestindo o terno preto e empunhando o microfone do "CQC".

O UOL visitou o set de filmagens de "A Comédia Divina", de Toni Venturi, filme no qual Iozzi se inspira na vida real e interpreta uma ambiciosa repórter. Antes de uma cena em que é cortejada pelo personagem de Dalton Vigh, ela falou sobre a decisão de voltar a trabalhar como atriz, o exercício da profissão no "CQC" e a vontade de mostrar outras faces além no humor. 

Monica Iozzi é maquiada no set de "A Divina Comédia", em São Paulo Imagem: Junior Lago/UOL

Retorno à atuação

Foi em 2013, na primeira reunião do ano do programa da Band, que a repórter disse a ela mesma que não dava mais para continuar. No entanto, foi só no final do ano que tomou a decisão. "Disse [ao chefes] que precisava estudar, que queria voltar a ser atriz e que o ambiente de Brasília estava muito pesado para mim. Como não era para ganhar dinheiro, eles me deixaram quebrar o contrato [que ia até 2016] sem pagar multa".

Ela conta ter ficado apenas uma semana desempregada. No início de 2014, já estava trabalhando como comentarista do "Big Brother Brasil" e em março, estava filmando seu primeiro longa "Superpai", de Pedro Amorim ("Mato Sem Cachorro"). Ela conta ter deixado claro para Boninho que gostaria de se dedicar mais à carreira de atriz. "Disse que só tinha um dia da semana para gravar, achando que ele me dispensaria, mas ele topou", disse ela.

Moradora de Perdizes, Iozzi chegou no set  de "A Comédia Divina", no mesmo bairro, com roupa de ginástica."Caminhei até aqui. Preciso malhar esse bumbum", disse para a equipe que a maquiaria e a pentearia para transformá-la em Raquel. Com rotina intensa, mas muito diferente da loucura enfrentada no "CQC", onde ela diz ter passado por situações violentas com parlamentares, ela conta que nunca esteve tão feliz.

"É engraçado. Outro dia, eu estava decorando o texto do filme na varanda e eu falei para o meu namorado: 'Vim para São Paulo para fazer exatamente isso'. Coloquei um objetivo pra mim e estou conseguindo realizar. Não sei durante quanto tempo farei isso, se serei bem-vinda, mas fico feliz por estar trabalhando com o que quero".

Apesar de ter ficado afastada dos palcos e dos sets de filmagem, ela conta que não deixou de exercitar a profissão durante o "CQC". "Para mim e para meus amigos era muito claro que aquilo era um personagem. Escolhi fazer isso como uma maneira de defesa. Era como se eu pegasse minhas características e dilatasse. Eu tento ser franca na maioria das vezes, mas no CQC era uma franqueza sem nenhum pudor. Eu sou mais tímida, principalmente com quem não conheço".

Ela ainda faz questão de ressaltar como o programa da Band foi importante para chegar onde chegou. "Talvez as coisas acontecessem como estão acontecendo agora, mas não com essa velocidade". 

Humor

Além de "A Comédia Divina" e "Superpai" no currículo, a atriz também está escalada para a próxima novela das 19h da Globo, "Alto Astral". Em comum, os três trabalhos têm a comédia, principal motor também no "CQC". A atriz diz que é comum associarem seu nome ao humor, mas que já está na hora de mostrar o outro lado.  "É normal [dizerem que é humorista]. Até hoje, as pessoas só viram um lado do meu trabalho. Talvez, a maioria nem saiba que sou atriz. Gosto do humor, mas não sou humorista. Nunca fui e não pretendo ser. A vida me levou a isso, mas a ideia é começar a mostrar esse outro lado", diz ela.

À reportagem, o diretor Toni Venturi garante que sabia que Iozzi é formada em artes cênicas e que a escolheu "porque tudo convergia". "Essa coisa do jornalismo é  muito familiar a ela. Foi intuição apostar nela, as coisas estavam convergindo e é um bom papel de transição para ela", disse o diretor.

Inspirado no conto "A Igreja do Diabo", de Machado de Assis, "A Comédia Divina" traz Murilo Rosa no papel de Diabo, que decide abrir uma igreja na Terra e transformar pecados em virtudes. Ambiciosa, a repórter Raquel vende a alma ao Diabo e cresce rapidamente na profissão. "Peguei referências na vida, de ter ambição. Acho a Raquel muito humana. Ela extrapola um pouco, mas quem nunca foi além e se arrependeu? Gosto da personagem porque ela é ambígua".

Zapp Brannigan, da animação "Futurama", serviu de inspiração para Dalton Vigh em "A Comédia Divina", de Toni Venturi Imagem: Reprodução

Raquel terá um grande admirador, o garanhão Mateus, vivido por Dalton Vigh, que diz ter se inspirado no personagem Zapp Brannigan, da série animada "Futurama". "É um piloto que se acha o capitão Kirk, mas não é nada disso. Ele é um cagão. O Mateus é isso, muito mais na forma e na fala do que na essência". No dia em que o UOL acompanhou as filmagens, Mateus tenta seduzir a moça com um buquê de flores, mas ela não dá muita bola e passa o tempo todo ao celular.

Depois das filmagens, ela fará as malas e irá para o Rio para gravar "Alto Astral". Sua personagem deve entrar no ar no 40º capítulo, em janeiro. Apesar de ter contrato com a Globo até 2017, ela diz que ainda é cedo para mudar de cidade definitivamente. "Tenho que sentir se é isso mesmo. Minha vida é aqui, minha casa é aqui, adoro São Paulo. Por enquanto seria precipitado [mudar para o Rio]. É meu primeiro trabalho lá", diz. 

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