Topo

Sony confirma estreia em circuito limitado de "A Entrevista" no Natal

Do UOL, em São Paulo*

23/12/2014 15h26

A Sony anunciou nesta terça-feira (23) que finalmente vai exibir, em circuito limitado nos Estados Unidos, o filme "A Entrevista", paródia sobre o líder norte-coreano Kim Jong-un, que teve o lançamento suspenso na semana passada por causa de ameaças de hackers.

"Nunca desistimos de estrear 'A Entrevista' e estamos muito contentes de que nosso filme vá ser exibido em um certo número de cinemas no dia de Natal", afirmou, em um comunicado, o presidente dos estúdios Sony Pictures, Michael Lynton.

Segundo ele, o filme será lançado em outras "plataformas" e em mais cinemas no futuro. Segundo o "The Wrap", " A Entrevista" deve ser lançado on-line, sob demanda, no mesmo dia. O site também afirmou que o prejuízo da Sony poderia chegar aos US$ 90 milhões se o filme realmente não fosse lançado.

A exibição da controversa trama com James Franco e Seth Rogen na data inicialmente reservada para a estreia já foi anunciada em alguns cinemas independentes, como no Plaza Theater, em Atlanta, e no Alamo, em Austin, no Texas. O lançamento deve passar de 200 salas, enquanto um lançamento médio comum consegue na média mil salas.

"Urgente", anunciou Tim League, fundador de uma das salas de cinema autorizadas em Austin, avisando que teve autorização para passar o filme. "A Sony nos autorizou a exibição de 'A Entrevista' no dia de Natal. Teremos sessões disponíveis na próxima hora."

Pelas redes sociais, os atores comemoram a notícia: “As pessoas falaram! A liberdade prevaleceu! Sony não desistiu! 'A Entrevista' será lançado nos cinemas que querem exibi-lo no dia de Natal”, postou Rogen no Twitter. James Franco aproveitou uma piada no filme para celebrar: “’A Entrevista’ salvo pelo presidente Obacco! Digo, presidente Obama. Desculpe”.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou a decisão da Sony. "Como o presidente deixou claro, nós somos um país que acredita na liberdade de expressão e do direito de expressão artística. A decisão tomada pela Sony e cinemas participantes permitem que as pessoas façam suas próprias escolhas sobre o filme, e saudamos esse resultado", afirma o secretário de comunicação do governo, Eric Schultz.

Em pronunciamento na última sexta (19), Obama havia criticado o estúdio pelo cancelamento. "A Sony é uma corporação que sofreu significantes perdas, sou simpático a suas preocupações. Mas acho que eles cometeram um erro. Eu gostaria que eles tivessem falado comigo antes. Eu teria dito que eles não fossem por esse caminho e que não se intimidassem por esses ataques criminosos”.

Entenda o caso

Contando a história de dois civis que são enviados à Coreia do Norte para matar o ditador Kim Jong-un, "A Entrevista" gerou críticas do governo norte-coreano desde seu anúncio, e sua estreia foi cancelada após ameaças de ataques terroristas aos cinemas que exibissem o longa. "A Sony Pictures não tem planos futuros de lançamento para o filme", disse o porta-voz do estúdio.

A estreia da comédia também está cancelada "até segunda ordem" no Brasil, de acordo com a assessoria de imprensa da Sony no país. O filme estava programado para estrear em circuito nacional no dia 29 de janeiro.

As ameaças partiram do mesmo grupo que realizou um ciberataque aos sistemas da Sony Pictures, expondo dados de funcionários da empresa e conversas sigilosas envolvendo grandes nomes da indústria cinematográfica de Hollywood.

Na sexta, depois do anúncio do cancelamento da estreia, os hackers fizeram novas ameaças, exigindo que o filme jamais seja "lançado, distribuído ou vazado em qualquer formato como, por exemplo, DVD ou pirataria".

Por conta do caso, a Fox divulgou também que não irá lançar em março, como previsto, o longa "Pyongyang", do diretor Gore Verbinski, estrelado por Steve Carell. Baseado na graphic novel de Guy Delisle, o suspense retrata experiências de um ocidental que trabalha na Coreia do Norte por um ano.

FBI responsabiliza Coreia do Norte por ataque

O FBI, órgão federal de investigação dos Estados Unidos, anunciou na sexta-feira que a Coreia do Norte foi responsável pelo ataque hacker à Sony Pictures.

"Como resultado da nossa investigação e em colaboração com outros departamentos e agências do governo, o FBI agora tem informações suficientes para concluir que o governo da Coreia do Norte é responsável por essas ações", disse a agência em comunicado. "Estes atos de intimidação são um comportamento inaceitável de um Estado", acrescentou o texto.

O país asiático negou o envolvimento no caso e chegou a propor uma investigação conjunta no sábado, mas Washington manteve a posição. "Se o governo da Coreia do Norte quer ajudar, têm que admitir sua culpabilidade e compensar a Sony pelos danos que este ataque causou", indicou em declarações à Agência Efe, Mark Stroh, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

* Com informações de agências internacionais